Secretário Rodrigo Perez afirma que medida visa equilibrar contas públicas e evitar aumento de impostos; estado ultrapassou limite prudencial de despesas com pessoal
Thais Dias
O governo de Mato Grosso do Sul espera economizar entre R$ 500 milhões e R$ 800 milhões até dezembro deste ano com um plano de corte de despesas que deve ser anunciado a partir do próximo mês. A revisão está focada principalmente em custeio, segundo o secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica, Rodrigo Perez.
A medida ainda está em fase de elaboração, com a administração estadual analisando contratos de todas as secretarias para definir onde os cortes serão aplicados. O objetivo, de acordo com o governador Eduardo Riedel (PSDB), é priorizar a “qualidade do gasto”, evitando medidas impopulares, como aumento de impostos.
Perez destacou que a equipe ainda está finalizando os detalhes do plano. “O corte é de agora para dezembro. A gente ainda está fechando esse desenho, que não está pronto”, afirmou. “Projetamos algo em torno de R$ 500 milhões a R$ 800 milhões de redução de custeio no orçamento anual.”
O secretário também reforçou a necessidade de medidas mais restritivas para equilibrar as contas públicas. “Cortar gastos é uma prática recorrente nossa, algo que nós sempre olhamos. Mas, agora, estamos pensando em uma medida mais restritiva”, disse, citando uma frase frequentemente usada por Riedel: “Gasto cresce igual a unha, tem de cortar sempre”.
Equilíbrio fiscal para manter investimentos
O governador justificou a medida como essencial para garantir que o estado continue investindo em áreas estratégicas, como logística e infraestrutura. “Mato Grosso do Sul passa por um momento em que precisamos discutir a qualidade do gasto”, afirmou Riedel. “Existem outros mecanismos para garantir o crescimento e o desenvolvimento econômico, rubricas que podem ser discutidas para reduzir e melhorar os gastos, sem ser apenas com aumento de impostos.”
A revisão de gastos também se deve à necessidade de ajustar as contas públicas. Dados do relatório mais recente de gestão fiscal mostram que o estado ultrapassou o limite prudencial de gastos com pessoal, estabelecido em 46,55% da receita corrente líquida pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Com uma receita ajustada de R$ 20,63 bilhões, as despesas com pessoal chegaram a R$ 9,68 bilhões (46,92%), ultrapassando o teto em R$ 80 milhões.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026, aprovada na semana passada, já sinaliza um aperto nas contas devido a uma projeção mais cautelosa de arrecadação e à possível adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).
“A referida adesão poderá acarretar o contingenciamento de gastos”, alertou Riedel em mensagem enviada à Assembleia Legislativa (Alems). Enquanto 2025 deve fechar com superávit primário de R$ 366,2 milhões, 2026 pode terminar com déficit de R$ 207,2 milhões, caso as previsões se confirmem.
A medida reforça a estratégia do governo para garantir sustentabilidade fiscal sem comprometer o desenvolvimento econômico do estado.