Levantamento revela que 305 deputados pediram reembolsos desde 2023; Vander Loubet (PT-MS) aparece em 15º no ranking, com R$ 191 mil em tratamentos de saúde

Thais Dias

A Câmara dos Deputados já gastou R$ 11,5 milhões em reembolsos de despesas médicas de parlamentares desde o início da atual legislatura, em fevereiro de 2023. Os dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), mostram que 305 dos 513 deputados federais (59%) solicitaram reembolso de tratamentos de saúde, com um gasto médio de R$ 37,5 mil por parlamentar.

Entre os maiores solicitantes está o deputado Vander Loubet (PT-MS), que ocupa a 15ª posição no ranking nacional, com R$ 191.167,47 em reembolsos. Em explicação, Loubet detalhou que os valores foram usados para cirurgias e tratamento de cálculos renais entre 2023 e 2024. O parlamentar afirmou que os problemas de saúde chegaram a atrapalhar sua agenda política, incluindo o cancelamento de viagens a municípios do interior de Mato Grosso do Sul e outros compromissos públicos.

“Os episódios de dor e mal-estar estavam prejudicando meu trabalho diário e, em algumas situações, me obrigaram a interromper atividades parlamentares. Todos os reembolsos foram solicitados dentro das normas da Câmara”, justificou.

O deputado Paulo Folletto (PSB-ES) lidera a lista de reembolsos, com R$ 600,8 mil em despesas médicas. Folletto, que sofre de uma lesão na medula desde 2016, passou por cirurgia em 2023 e precisou se afastar por três meses no ano passado para realizar quimioterapia nos Estados Unidos.

Como Funciona o Reembolso Médico dos Deputados?

Todos os parlamentares e seus dependentes diretos têm direito a atendimento gratuito no Departamento de Atenção à Saúde (DAS) da Câmara. No entanto, se optarem por serviços particulares, podem pedir reembolso de despesas como:

• Consultas médicas e hospitalares;

• Exames de diagnóstico;

• Tratamentos como quimioterapia e radioterapia;

• Assistência domiciliar.

Vale destacar que o benefício não se estende a parentes, apenas aos próprios deputados.

Transparência e Debate Sobre os Gastos

O alto valor reembolsado reacendeu discussões sobre os benefícios extras dos parlamentares, que já contam com plano de saúde público gratuito. Enquanto alguns defendem que o reembolso é essencial para cobrir tratamentos especializados, críticos questionam se o sistema não deveria ser mais rigoroso, especialmente em casos de procedimentos no exterior, como o do deputado Folletto.

A Câmara afirma que todas as solicitações seguem regras internas, mas os números levantados mostram que os gastos podem ser significativos, principalmente quando envolvem internações e tratamentos complexos.

Números que Chamam a Atenção:

• Total reembolsado (2023-2024): R$ 11,5 milhões

• Média por deputado: R$ 37,5 mil

• Deputado de MS entre os 15 maiores: Vander Loubet (R$ 191 mil)

• Maior gasto individual: Paulo Folletto (R$ 600,8 mil – incluindo tratamento nos EUA)

O caso traz à tona o debate sobre os custos da política brasileira e se o atual modelo de reembolso precisa de ajustes. Enquanto isso, os deputados seguem utilizando o benefício, muitos com justificativas de condições de saúde que afetam o exercício do mandato.