O Partido Liberal (PL) aprovou uma resolução que pode comprometer os planos políticos do ex-governador Reinaldo Azambuja e do governador Eduardo Riedel para as eleições de 2026 em Mato Grosso do Sul. A Resolução Administrativa nº 10/2025, assinada pelo presidente nacional Valdemar Costa Neto, proíbe terminantemente que filiados ao PL manifestem apoio a candidatos de outras legendas, sob pena de severas sanções partidárias.
O documento, que entrou em vigor em 29 de julho, estabelece que qualquer detentor de mandato eleito pelo PL que apoiar publicamente pré-candidatos de outros partidos estará sujeito a punições que incluem desde a perda de acesso a recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral até a possível expulsão da legenda. A medida ainda prevê a intervenção em diretórios estaduais e municipais que descumprirem as determinações.
Essa decisão coloca em xeque a articulação política que vinha sendo costurada entre Azambuja, prestes a se filiar ao PL para concorrer ao Senado, e Riedel, que planeja migrar para o PP em busca da reeleição ao governo do estado. Especialistas em direito eleitoral avaliam que a resolução pode limitar significativamente a capacidade de Azambuja de apoiar abertamente o governador.
O advogado eleitoralista Ricardo Grance explica que a medida reflete a estratégia nacional do PL de manter coesão interna: “O partido quer evitar a dispersão de apoio em um ano eleitoral crucial. Quem descumprir as regras pode ter a candidatura comprometida e perder acesso a recursos essenciais”. Ele destaca que a situação se torna mais complexa em MS devido à influência da senadora Tereza Cristina (PP), aliada de Bolsonaro, que mantém relações próximas com o PL.
Azambuja, no entanto, minimiza os impactos da resolução. Em declaração, o ex-governador afirmou: “Todas nossas ações estão sendo coordenadas com o presidente Valdemar Costa Neto, incluindo o apoio do PL à reeleição de Riedel. Essa medida não altera nossos planos”. Apesar da postura otimista, analistas políticos avaliam que a rigidez das novas regras pode forçar ambos os lados a repensarem suas estratégias de campanha.
O cenário se complica ainda mais quando se considera a tradicional prática política sul-mato-grossense de distribuir candidaturas por diversas legendas para ampliar a base eleitoral – estratégia que agora encontra obstáculos nas novas diretrizes do PL. Enquanto Riedel busca consolidar uma ampla frente multipartidária para sua reeleição, Azambuja vê suas opções de articulação reduzidas pelas restrições impostas por seu futuro partido.
A resolução do PL surge em um momento delicado da política estadual, colocando à prova a capacidade de adaptação dos principais atores políticos de Mato Grosso do Sul às novas regras do jogo eleitoral. O desfecho desse impasse deverá definir os rumos das alianças que moldarão a disputa eleitoral de 2026 no estado.