Consórcio Caminhos da Celulose, liderado pela XP Investimentos, foi convocado para apresentar documentação após recurso; primeira colocada foi excluída por problemas em outra concessão
Em um desfecho decisivo para o futuro da malha viária de Mato Grosso do Sul, o governo do estado, por meio do seu Escritório de Parcerias Estratégicas (EPE), tornou pública nesta quarta-feira, 27, a convocação do Consórcio Caminhos da Celulose para assumir a concessão da Rota da Celulose. A medida foi necessária após a desclassificação definitiva do consórcio inicialmente vencedor do leilão, o K&G Rota da Celulose, encerrando um processo de recurso administrativo.
O leilão, realizado no dia 8 de maio na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), teve seu resultado alterado porque a empresa líder do consórcio vencedor, a K-Infra, foi recentemente expulsa de outra concessão rodoviária, a BR-393 no Rio de Janeiro, pelos órgãos federais DNIT e ANTT. A expulsão ocorreu devido a uma dívida de R$ 1,6 bilhão e graves problemas de manutenção naquela rodovia, levantando questões sobre sua capacidade de gerir um novo projeto. Diante dessa situação, o Consórcio Caminhos da Celulose, que havia ficado em segundo lugar, apresentou um recurso questionando a habilitação da K&G. O governo do estado analisou o caso e, concordando com o argumento, decidiu por desclassificar o primeiro colocado e declarar vencedor o segundo colocado.
O Consórcio Caminhos da Celulose, que é comandado pela XP Investimentos e inclui várias construtoras em sua formação, agora foi formalmente convocado a apresentar toda a documentação final para sua habilitação. A apresentação dos documentos está marcada para o dia 3 de setembro, na sede da B3, em São Paulo. Este consórcio havia oferecido um desconto de 8% no valor da outorga durante a disputa do leilão.
A Rota da Celulose é um projeto extremamente importante para o estado, envolvendo a concessão de 870 quilômetros de rodovias. Esses trechos, que incluem as estaduais MS-040, MS-338 e MS-395 e as federais BR-262 e BR-267, passarão por um amplo processo de recuperação, manutenção, expansão e modernização. O objetivo principal é melhorar drasticamente o fluxo de veículos e o escoamento da produção, especialmente da celulose, que é um setor econômico vital para a região conhecida como Bolsão.
Os benefícios diretos para a população serão significativos. O projeto prevê a construção de 115 km de trechos duplicados, 245 km de terceiras faixas para ultrapassagens mais seguras, 12 km de marginais e 38 km de contornos que irão tirar o tráfego pesado do interior de cidades como Ribas do Rio Pardo, Água Clara e Bataguassu, melhorando a segurança e a qualidade de vida nestes municípios. Além disso, toda a malha rodoviária receberá acostamentos, totalizando mais de 450 quilômetros dessa melhoria de segurança. Um ponto importante para os usuários é que o pedágio será cobrado de forma moderna e sem paradas, através de tags em doze pontos eletrônicos ao longo do trajeto, eliminando a necessidade de praças de pedágio físicas e reduzindo o tempo de viagem.
O investimento total previsto para os próximos 30 anos é de R$ 10,1 bilhões, sendo a maior parte, R$ 6,9 bilhões, destinada a obras e melhorias (despesas de capital), e R$ 3,2 bilhões para custos operacionais de manutenção e conservação. Com isso, o governo de Mato Grosso do Sul espera não apenas resolver problemas atuais de infraestrutura, mas também antecipar e fomentar o crescimento econômico da região por décadas.