Evento debateu desde a prevenção do burnout entre profissionais até a implantação de serviços de alta complexidade para atender a região
A Câmara Municipal de Três Lagoas foi palco, nesta quinta-feira, 04, de um evento marcante para o futuro da saúde pública na região. A II Conferência Regional dos Hospitais da Costa Leste reuniu dezenas de gestores hospitalares, autoridades estaduais e municipais, profissionais de saúde e representantes da sociedade civil em um dia de intensos debates e pactuações em prol de um objetivo comum: fortalecer a rede de assistência médica e garantir que o cidadão receba atendimento de qualidade cada vez mais perto de sua casa.
O evento, uma iniciativa do Comitê Regional de Hospitais da Costa Leste, contou com a participação de representantes de treze municípios – Água Clara, Aparecida do Taboado, Bataguassu, Brasilândia, Cassilândia, Chapadão do Sul, Costa Rica, Inocência, Paraíso das Águas, Paranaíba, Santa Rita do Pardo, Selvíria e Três Lagoas –, demonstrando um forte espírito de colaboração regional.
O Dr. João Ricardo Filgueiras Tognini, assessor técnico médico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), representou o governo estadual e foi enfático ao explicar a importância da estratégia de macro-regionalização.
“O momento agora é de união. A assistência à saúde é muito complexa, e se cada cidade, cada hospital, não fizer o que tem de melhor, a gente não vai conseguir atender todos os cidadãos”, declarou.
Ele reafirmou o papel de Três Lagoas como cidade referência para a Costa Leste, assim como Dourados é para o sul, Corumbá para o Pantanal e Campo Grande para o centro do estado.
“Temos em Três Lagoas hospitais que fazem alta complexidade, e os pacientes são referenciados para essas unidades, que estão cada vez mais potencializadas, ao invés de ir para Campo Grande. Dessa forma, fomentamos a média e alta complexidade nas cidades do entorno e buscamos uma assistência de qualidade perto da residência do cidadão”, detalhou.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Antonio Empke Teixeira Júnior, conhecido como Tonhão, recebeu o evento com grande entusiasmo. “É uma alegria muito grande estar participando deste momento. A Câmara mais uma vez dá a sua contribuição, sendo protagonista, dando aqui a oportunidade, o espaço, que eu acho que é o mínimo que nós representantes da população, poderíamos estar fazendo”, disse. Tonhão, que foi pessoalmente homenageado durante a conferência por seu histórico papel na luta pela implantação do curso de medicina e do Hospital Regional em Três Lagoas, emocionou-se ao relembrar a trajetória. “Foi uma alegria enorme ouvir o depoimento do vice-reitor da UFMS, que é testemunha ocular de todo o meu empenho. Subia na tribuna para cobrar, participei de reuniões em Brasília com o então ministro da Educação, e hoje colhemos os frutos com o hospital inaugurado e o curso em pleno funcionamento”, celebrou.
O diretor-geral do Hospital Auxiliadora e presidente da Federação das Santas Casas de MS, Sr. Marco Calderon, falou em nome das instituições hospitalares e destacou que a união é a chave do sucesso.
“Acreditamos que a união de esforços é fundamental, pois não somos concorrentes, mas sim prestadores de serviços à população. A troca de experiências nos permite aprimorar nossas ações, otimizar processos e alcançar objetivos comuns de forma mais eficiente, resultando em um atendimento mais rápido e de maior qualidade”, afirmou. Ele ainda anunciou grandes avanços para a região, como a implantação de um serviço de radioterapia, um investimento de aproximadamente 25 milhões de reais que evitará que pacientes com câncer precisem se deslocar para outras cidades para tratamento.
A conferência também deu espaço para temas emergentes e cruciais, como a saúde mental no ambiente de trabalho. A palestrante Marcela França conduziu uma discussão profunda sobre a Síndrome de Burnout, agora classificada como doença ocupacional. “Falar de saúde mental nos coloca em um processo de vulnerabilidade. Precisamos falar e ouvir as pessoas sem julgamento”, alertou. Ela defendeu uma abordagem preventiva, focada em identificar sinais como medo, pressão e estresse antes que evoluam para um quadro de esgotamento profissional. “A proposta é trazer uma preventiva, o que nós podemos fazer antes que essa doença se instale, porque a doença mental paralisa tudo”, concluiu, enfatizando a necessidade de fortalecer as redes de apoio.
O evento, que se encerrou com um sentimento de missão cumprida e otimismo, deixou claro que o caminho para uma saúde pública eficiente passa pela integração, pelo diálogo constante entre todos os entes – municipal, estadual e federal – e pelo investimento em tecnologia e especialidades dentro da própria região. A II Conferência Regional dos Hospitais não foi apenas um evento de discussão, mas um marco concreto no avanço das políticas públicas de saúde para a população da Costa Leste de Mato Grosso do Sul, mostrando que a união de forças é, de fato, a melhor prescrição para o futuro.