Documento obtido com exclusividade detalha como ex-governador direcionou 22 prefeitos para o PSDB, 18 para o PL e 4 para o PP em movimento para as eleições de 2026
De acordo com matéria do Correio do Estado publicada nesta sexta-feira (5), com informações obtidas com exclusividade, detalha a estratégia de bastidores que está reconfigurando o cenário político de Mato Grosso do Sul, após a longa negociação que resultou na mudança do ex-governador Reinaldo Azambuja para o PL. O movimento, em andamento desde 2024, desencadeou uma redistribuição em massa de prefeitos alinhados ao grupo do ex-governador, com reflexos diretos nas eleições de 2026.
O estado aparece atualmente dominado por um triângulo formado por PL, PP e PSDB, que, juntos, concentram 67 das 79 prefeituras sul-mato-grossenses, governando um eleitorado de mais de 1,7 milhão de pessoas.
Para fortalecer sua nova legenda, o PL – partido de direita que abriga bolsonaristas –, Azambuja convocou 18 prefeitos do PSDB para migrarem com ele. Com isso, o PL passa a contar com 23 prefeitos, tornando-se o partido com o maior número de prefeituras no estado. Outros quatro prefeitos tucanos foram direcionados ao PP, novo partido do governador Eduardo Riedel, enquanto 22 permaneceram no PSDB.
O PP, com seus 22 prefeitos, controla um colégio eleitoral de quase um milhão de eleitores. No entanto, sua força eleitoral concentra-se maciçamente em Campo Grande, onde a prefeita enfrenta baixos índices de aprovação. Sozinha, a capital representa 63% do eleitorado do partido, configurando um centro de poder estratégico, porém vulnerável.
Já o PSDB, também com 22 prefeitos, mantém o capital político de Azambuja e comanda um contingente de 461 mil eleitores. Sua força é mais pulverizada e capilarizada, com forte presença em cidades-polo do interior como o comando de Dourados, o segundo maior colégio eleitoral do estado. Esse bloco coeso é visto como peça-chave para a disputa eleitoral de 2026.
Entre os prefeitos que migraram para o PL estão os mandatários de municípios como Maracaju (Marcos Calderan), Jardim (Guga), Bonito (Josmail Rodrigues) e Mundo Novo (Rosária). Permanecem no PSDB os prefeitos de cidades como Dourados, Ponta Porã, Nova Andradina e Paranaíba.
Já o PP recebeu quatro nomes de peso: o prefeito de Três Lagoas, (Cassiano Maia); de Antônio João, (Antônio Pé); de Porto Murtinho, (Nelson Cintra); e de Juti, (Gilson Marcos da Cruz).
Fontes de bastidores indicam que a manutenção de parte do grupo no PSDB é uma jogada estratégica para viabilizar três chapas competitivas nas eleições proporcionais de 2026 – para deputados estaduais e federais.
A cerimônia de filiação de Azambuja e dos novos prefeitos ao PL, inicialmente marcada para 12 de setembro, foi adiada para o dia 21. O adiamento ocorreu após o deputado estadual João Henrique Catan, da oposição a Azambuja e Riedel, alertar que a data original coincidiria com a expectativa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, no processo que responde no STF.
O remanejamento em curso expõe uma complexa engenharia política, na qual o comando de prefeituras e eleitorados municipais serve como moeda de troca e base de sustentação para os projetos de poder em escala estadual.