Policial Militar é apontado como cérebro de esquema de fraudes em licitações em Terenos

Sargento, preso na Operação Spotless, comandava empresa em nome da esposa e atuava em conluio com empresários para manipular concorrências públicas, segundo investigações

 

Um policial militar identificado como Fábio André Hoffmeister Ramires, 3º sargento da PM, é apontado como peça central em um esquema de fraudes em licitações na Prefeitura de Terenos há pelo menos quatro anos. Ele é acusado de ser sócio oculto da Tercam Construções Ltda., empresa formalmente registrada em nome de sua esposa, Jucélia Maria de Oliveira, mas que, na prática, era usada por ele para desviar recursos públicos por meio de contratos fraudulentos.

As investigações, conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado), revelam que o militar atuava em conluio com outros dois empresários: Genilton da Silva Moreira, dono da Base Construtora, e Nádia Mendonça Lopes, da Lopes Construtora. Juntos, eles manipulavam propostas em licitações públicas no município, com valores que variaram entre R$ 315 mil e R$ 1,12 milhão.

De acordo com as interceptações telefônicas que fundamentaram a Operação Spotless, deflagrada na quarta-feira (10), o grupo combinava previamente os valores das propostas antes mesmo da abertura dos certames. Em um caso específico, referente à reforma da Escola Municipal Isabel de Campos Widal Rodrigues, em março de 2022, Fábio e Genilton ajustaram os documentos para que a proposta de Nádia fosse 1,5% menor, simulando uma competição que, na realidade, já tinha resultado definido.

A investigação sustenta que o sargento Hoffmeister não apenas articulava as fraudes, mas também ajudava a preparar documentos forjados para dar aparência de legalidade aos processos. Como resultado desse conluio, a empresa de Genilton era declarada vencedora, e o prefeito de Terenos, Henrique Wancura Budke — apontado como líder do esquema —, recebia propina. Apenas nesse contrato, Henrique teria sido beneficiado com R$ 11 mil em vantagens indevidas.

Militar foi preso e transferido para presídio

Preso durante a operação, Fábio Hoffmeister foi transferido por decisão administrativa da cúpula da PMMS para a Diretoria de Gestão do Presídio Militar Estadual, em Campo Grande. A portaria de remoção, assinada pela subcomandante Neidy Nunes Barbosa Centurião, citou “inconveniência da permanência” do militar no Batalhão de Choque, onde ele estava lotado.

Além da casa do policial, os mandados de busca e apreensão também foram executados na sede da Tercam Construções Ltda., empresa em nome de sua esposa, utilizada para lavar recursos desviados. Ao todo, a operação cumpriu 16 mandados de prisão e 59 de busca e apreensão, com focos em Terenos e em Campo Grande.

O caso segue sob investigação, e os envolvidos respondem por crimes de corrupção, fraude em licitação e formação de organização criminosa.

Compartilhe nas Redes Sociais

Banca Digital

Edição 259