Substância tóxica encontrada em bebidas adulteradas já causou 195 notificações em todo o país; Ministério da Saúde distribuiu antídotos para unidades de referência
O Ministério da Saúde confirmou, neste domingo (5), um novo caso suspeito de intoxicação por metanol em Sidrolândia, a 70 km da capital sul-mato-grossense. Com este registro, Mato Grosso do Sul passa a investigar cinco casos potencialmente relacionados à substância tóxica: dois em Campo Grande, um em Ladário, um em Rio Brilhante e o mais recente em Sidrolândia.
Entre os episódios em investigação está a morte do jovem Matheus Santana Falcão, de 21 anos, ocorrida em Campo Grande. A possível ligação do óbito com o metanol ainda está sendo analisada pelo Laboratório Central (Lacen). Até o momento, nenhum caso no estado teve confirmação laboratorial da presença da substância nas amostras coletadas das vítimas.
O Brasil já registra 195 notificações de intoxicação por metanol, entre casos confirmados e suspeitos, de acordo com o último boletim do Ministério da Saúde. O surto começou em São Paulo, estado que concentra a maior parte das ocorrências e onde foram identificadas bebidas adulteradas com a substância.
As investigações em todo o país apontam que o metanol, substância usada como solvente e combustível – portanto tóxica e imprópria para consumo humano -, tem sido adicionado ilegalmente a produtos vendidos como cachaça e outras bebidas destiladas.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que reforçou o envio de antídotos aos estados com casos suspeitos e confirmou a priorização do atendimento via SUS. Em Mato Grosso do Sul, 60 ampolas do medicamento foram recebidas e distribuídas às unidades de referência para tratamento emergencial.
Diante do avanço dos casos, a Vigilância Sanitária e as forças de segurança intensificaram as ações de fiscalização em bares, conveniências e comércios de Mato Grosso do Sul para identificar e apreender bebidas adulteradas.
O metanol representa grave risco à saúde mesmo quando consumido em pequenas quantidades. Entre os sintomas de intoxicação estão:
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Náuseas e vômitos
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Dor abdominal
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Confusão mental
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Alterações visuais
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Insuficiência respiratória
Nos casos mais graves, há risco de cegueira permanente, falência de órgãos e morte. A substância é metabolizada no fígado, onde se transforma em formaldeído e ácido fórmico, compostos altamente tóxicos para o sistema nervoso e a retina.
Recomendações
As autoridades sanitárias orientam que a população evite produtos:
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Sem procedência clara
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Com rótulo irregular
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Com preço muito abaixo do mercado
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De fabricação caseira ou artesanal sem registro
As investigações seguem conduzidas pelo Ministério da Saúde em parceria com os estados, e os resultados laboratoriais dos casos de Mato Grosso do Sul devem ser divulgados nos próximos dias.