Um plano detalhado de expansão de um suposto esquema de corrupção para outras quatro cidades de Mato Grosso do Sul foi descoberto por meio de conversas no WhatsApp interceptadas pelo Grupo Especializado de Combate à Corrupção (GECOC). As mensagens, que expunham a combinação de fraudes em licitações, foram a prova-chave para a Justiça decretar a prisão de três homens e determinar buscas contra outros três na “Operação Fake Cloud”.

A investigação do GECOC, ligado ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), revelou que os integrantes da suposta organização criminosa, já investigados nas operações “Turn Off” (2023) e “Parasita” (2022), não atuavam apenas em Itaporã. Eles já tinham um plano concreto para implantar as fraudes em Corguinho, Aquidauana, Anastácio e, principalmente, Corumbá.
As mensagens extraídas de celulares apreendidos mostraram que, mesmo após as duas operações anteriores, o grupo continuava a operar fraudes em licitações e, supostamente, a pagar propina a agentes públicos.
A investigação, que culminou na decisão do juiz Evandro Endo, da Vara de Itaporã, se originou de provas colhidas na “Operação Parasita”. Ao analisar os celulares, os promotores encontraram um vasto registro de conversas que, de acordo com a decisão judicial, continham “minuciosamente as empreitadas criminosas”.
Nas mensagens, os investigados combinavam como fraudar Dispensas de Licitação na Prefeitura de Itaporã, um esquema que já teria desviado pelo menos R$ 159.828,00 dos cofres públicos desde 2022.
O que mais alarmou os investigadores, no entanto, foi a descoberta de que o grupo não estava satisfeito em operar apenas em Itaporã. “Em mensagens de celular, é possível extrair que LUCAS COUTINHO e GEORGE WILLIAN iniciariam tratativas acerca da implantação do esquema criminoso nos Municípios de Corguinho, Aquidauana, Anastácio e Corumbá”, destacou o magistrado na decisão que decretou as prisões.
Para a Justiça, a seriedade do plano de expansão saiu do papel e começou a se concretizar quando um dos principais investigados, Nilson dos Santos Pedroso, foi nomeado para o cargo de Secretário Adjunto na Secretaria Municipal de Governo de Corumbá em 10 de janeiro de 2025. Em 26 de junho, ele foi promovido a titular da pasta. Essa nomeação foi vista como a prova definitiva de que o grupo estava se infiltrando em outras administrações para replicar o modelo de corrupção.
Prisões Decretadas
A “atualidade da atuação criminosa”, segundo o juiz, gerou o “temor de que, soltos, possam retardar ou atrapalhar a investigação”, justificando a necessidade de prisões preventivas para “garantir a ordem pública”.
Foram decretadas as prisões de Lucas de Andrade Coutinho, Nilson dos Santos Pedroso e George Willian de Oliveira. Contra Lucas Coutinho, os procedimentos investigatórios vão de falsidade ideológica ao usar certidões falsas para participar de licitações em 2015, até fraude em licitações de uniformes no mesmo ano.
Mandados de busca e apreensão também foram expedidos contra eles e contra Paulo Henrique de Souza, Gabriel Cordeiro Spontoni e Miguel dos Santos Andrade.
A operação expõe a tentativa de um grupo, já conhecido pelo Ministério Público, de se reestruturar e expandir suas atividades ilegais para novas prefeituras, usando cargos públicos como ponta de lança para o esquema.











