Estado responde atualmente por um terço da produção nacional e deve chegar a quase 50% com três megaprojetos já anunciados; investimentos superam US$ 13 bilhões
Nos próximos dez anos, Mato Grosso do Sul deve consolidar-se como o maior produtor de celulose do Brasil, saltando de cerca de 30% para quase 50% da produção nacional. A projeção se baseia na entrada em operação de três megafábricas já anunciadas, que devem elevar significativamente a capacidade produtiva do estado, hoje representada por quatro linhas de produção da Suzano e Eldorado.
Os dados são do relatório mais recente da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), divulgado este mês, que aponta uma produção brasileira de 25,5 milhões de toneladas de celulose em 2024. Desse total, Mato Grosso do Sul foi responsável por aproximadamente 7,5 milhões de toneladas, o equivalente a um terço do volume nacional.

Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de celulose, atrás apenas dos Estados Unidos, que produz cerca de 48 milhões de toneladas. Sozinho, Mato Grosso do Sul supera a produção de países como o Japão, nono colocado no ranking global, com 7,4 milhões de toneladas anuais.
A maior parte da celulose sul-mato-grossense tem como destino países da Ásia, como a China, e nações europeias, como Países Baixos e Itália. Em 2024, as exportações do estado renderam US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 14,4 bilhões), valor que representa mais de 25% das exportações brasileiras do setor, que totalizaram US$ 10,6 bilhões.
Três megaprojetos em andamento
A expansão da produção no estado está ancorada em três grandes empreendimentos, que, juntos, devem adicionar milhões de toneladas à capacidade instalada:
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Arauco (Inocência)
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Investimento: US$ 4,6 bilhões
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Capacidade: 3,5 milhões de toneladas/ano
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Status: em construção, com previsão de entrada em operação em 2027.
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Bracell (Bataguassu)
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Investimento: US$ 4,6 bilhões
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Capacidade: 2,4 milhões de toneladas/ano (metade celulose kraft, metade celulose solúvel)
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Status: licença de instalação prevista para fevereiro de 2026; obras devem durar cerca de três anos.
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Eldorado (expansão)
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Investimento: aproximadamente US$ 4,5 bilhões
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Capacidade: 2,5 milhões de toneladas/ano
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Status: aguardando conclusão da aquisição de ações pela J&F para retomada.
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Além desses, apenas um quarto megaprojeto está em curso fora de Mato Grosso do Sul: a planta da CMPC, no Rio Grande do Sul, com investimento de R$ 24 bilhões e capacidade para 2,5 milhões de toneladas/ano.
Impacto econômico e logística
De acordo com Jaime Verruck, titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), a instalação dessas fábricas deve dinamizar ainda mais a economia local, com geração de empregos, atração de investimentos complementares e aumento da arrecadação.
A localização estratégica de Mato Grosso do Sul, com acesso a ferrovias, rodovias e hidrovias, também favorece o escoamento da produção para portos nacionais e, dali, para o mercado internacional.
Com a concretização desses projetos, o estado não apenas reforçará sua participação no cenário nacional, mas também ajudará o Brasil a consolidar sua posição entre os maiores produtores globais de celulose.











