Eldorado inicia expansão de R$ 15 bi para dobrar produção de celulose em Três Lagoas

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Pouco mais de seis meses após encerrar o litígio bilionário com a Paper Excellence pelo controle da empresa, o grupo J&F, dos irmãos Batista, começa a dar os primeiros passos concretos para duplicar a capacidade de produção da fábrica de celulose Eldorado, em Três Lagoas. O investimento previsto é de R$ 15 bilhões (US$ 3 bilhões).

De acordo com informações do site The Agribiz, a Eldorado planeja aumentar, a partir de 2026, a área anual de plantio de florestas de eucalipto dos atuais 25 mil para 50 mil hectares. O movimento é estratégico: como o ciclo do eucalipto leva sete anos para se completar, o aumento do plantio é o primeiro passo para assegurar matéria-prima suficiente antes da expansão industrial.

“Uma ampliação da fábrica está em análise. Não temos nada cravado em relação a datas. Mas a floresta leva sete anos para crescer; a fábrica se constrói em três”, afirmou Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, ao The AgriBiz.

Inaugurada em 2012, a unidade já produz 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano — 20% acima de sua capacidade original. A meta agora é dobrar esse volume.

A duplicação da capacidade da fábrica era planejada há anos, mas estava travada pela disputa judicial entre J&F e a Paper Excellence, que detinha pouco mais de 49% das ações. Em maio deste ano, as partes fecharam um acordo, com a J&F concordando em pagar US$ 2,64 bilhões à Paper, liberando o caminho para os investimentos.

Atualmente, a Eldorado administra 300 mil hectares de florestas em Mato Grosso do Sul, quase todos arrendados — modelo no qual a empresa foi pioneira, já que a Paper, por ser estrangeira, não podia adquirir terras diretamente.

Cenário favorável atrai proprietários rurais

Mesmo com a valorização das terras, o arrendamento para silvicultura segue bastante atrativo. De acordo com a consultoria Acres, o rendimento médio anual é de 6,8%, superior ao da pecuária e agricultura. Enquanto a silvicultura paga cerca de R$ 1,5 mil por hectare, a pecuária fica em torno de R$ 1 mil.

“Havia muita desconfiança se o eucalipto iria se consolidar em Mato Grosso do Sul. Por isso, começamos com propriedades menores e só agora têm aparecido as maiores”, explicou Justo. “A celulose sempre pagou um pouco mais que a pecuária e, agora, essa diferença ficou ainda mais marcada.”

A Eldorado já garantiu 15 mil dos 25 mil hectares adicionais necessários para iniciar o plantio expandido a partir do próximo ano. A baixa densidade populacional e a disponibilidade de terras ainda em uso pecuário facilitam a expansão sem sobreposição significativa com outras empresas do setor.

Com o litígio resolvido e a estratégia de floresta em andamento, a Eldorado avança rumo a uma nova fase, consolidando Mato Grosso do Sul como polo nacional da produção de celulose.

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Edição 267