Medida reacende esperança de reativação da linha que passa por Três Lagoas e é crucial para escoamento da produção de MS; Arauco avança com ramal de quase R$ 1 bilhão em Inocência
O Governo Federal lançou nesta semana a Política Nacional de Outorgas Ferroviárias, um novo marco regulatório que estabelece diretrizes modernas de planejamento, governança, sustentabilidade e financiamento para o setor. A iniciativa, apresentada pelo Ministério dos Transportes, integra recursos públicos e privados e projeta uma carteira de projetos capaz de movimentar até R$ 600 bilhões na retomada do transporte sobre trilhos no país.
Para 2026, o plano prevê a realização de oito leilões, somando mais de 9 mil quilômetros de novas ferrovias e trechos a serem revitalizados. A expectativa é atrair cerca de R$ 140 bilhões em investimentos diretos já nesta primeira etapa, com possibilidade de expansão ao longo da vigência dos contratos.
“É uma política nacional inédita, com práticas mais modernas e alinhamento entre projetos, ambiente regulatório e modelagens econômica e financeira”, destacou o ministro dos Transportes, Renan Filho.
Entre os projetos prioritários está a Malha Oeste, ferrovia considerada decisiva para o escoamento da produção agrícola e mineral de Mato Grosso do Sul. A linha, que passa por Três Lagoas e Campo Grande e segue até Corumbá, foi incluída nos leilões previstos para 2026.
O trecho de aproximadamente 1.600 quilômetros, que se estende até Mairinque (SP), está sem operação regular desde 2023, quando a ArcelorMittal encerrou o último contrato com a concessionária Rumo. O abandono da linha, acentuado após a fusão da ALL com a Rumo em 2015, provocou queda de investimentos, perda de clientes e deterioração da infraestrutura.
Sem a ferrovia, o transporte de cargas migrou para as rodovias, especialmente a BR-262. Segundo levantamento do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru e Mato Grosso do Sul, cerca de 7 mil caminhões cruzam a via semanalmente, aumentando o desgaste do pavimento, os custos logísticos e o risco de acidentes.
A inclusão da Malha Oeste na nova política federal reacende a expectativa de recuperar uma rota essencial para Três Lagoas e para a economia do Centro-Oeste. Para o sindicato, a reativação dos trilhos é urgente para aliviar o “custo Brasil” e resgatar a competitividade regional.
Outros corredores estratégicos
Além da Malha Oeste, a carteira de projetos inclui outras ferrovias de grande impacto nacional, como:
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Anel Ferroviário do Sudeste (EF-118)
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Ferrogrão
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Corredor Leste-Oeste
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Corredores da Malha Sul
Paralelamente, o Ministério dos Transportes publicou portaria que viabiliza isenção fiscal de R$ 91,7 milhões para a Arauco, que constrói uma fábrica de celulose em Inocência (MS). O benefício foi enquadrado no REIDI (Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura).
Com a medida, avança o projeto ferroviário da empresa, que prevê a construção de 56,8 km de malha, sendo 45,4 km de linha férrea, 2,6 km de pátio de cruzamento e 8,8 km de pera ferroviária (usada para manobra de trens). O investimento total estimado é de R$ 991 milhões.
O novo ramal conectará a futura fábrica de celulose da Arauco diretamente à Malha Norte, corredor ferroviário de 755 km entre Santa Fé do Sul (SP) e Rondonópolis (MT), por onde será escoada a produção. O projeto já conta com autorização da ANTT e licença ambiental do Imasul.











