Deputado estadual Neno Razuk é condenado a 15 anos por chefiar organização criminosa do jogo do bicho

neno-razuk-25-09-2025

A 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) condenou o deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), a 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão em regime fechado. A sentença, proferida na segunda-feira, apontou o parlamentar como líder de uma organização criminosa voltada à exploração ilegal do jogo do bicho. Outras 11 pessoas foram sentenciadas no mesmo processo.

A condenação é um desdobramento das investigações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). De acordo com as apurações, a organização chefiada por Neno Razuk intensificou suas atividades em Campo Grande após as prisões de Jamil Name e Jamil Name Filho na Operação Omertà, em 2019.

Conforme documentos judiciais que decretaram prisões na quarta fase da Operação Successione, a família Razuk é “conhecida há décadas pela exploração ilegal do jogo do bicho e com expertise nas negociatas relacionadas ao ilícito”. O mesmo texto acusa o grupo de praticar “crimes de toda ordem, entre os quais assaltos à mão armada e lavagem de dinheiro”, principalmente na região de Dourados.

Condenados e direito a recurso
Além de Neno Razuk, foram condenados:

  • Carlito Gonçalves Miranda

  • Diogo Francisco

  • Edilson Rodrigues Ferreira

  • Gilberto Luis dos Santos

  • José Eduardo Abduladah

  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos

  • Manoel José Ribeiro

  • Mateus Aquino Júnior

  • Taygor Ivan Moretto Pelissari

  • Valnir Queiroz Martinelli

  • Wilson Souza Goulart

O deputado terá o direito de recorrer da decisão em liberdade. A defesa do parlamentar já anunciou que irá interpor recursos, afirmando que “o processo está longe de encerrar” e que “Neno confia na decisão final da justiça”.

A condenação ocorre após uma série de operações contra a organização. Em novembro deste ano, o Gaeco apreendeu mais de R$ 300 mil em dinheiro, além de armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho. Na ação, foram presos o pai do deputado, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk.

As operações cumpriram mandados em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul. Também eram alvos Rhiad Abdulahad, que teria assumido os negócios após a prisão do pai, e Marco Aurélio Horta (“Marquinho”), chefe de gabinete de Neno Razuk.

Disputa pelo controle do jogo do bicho

As investigações revelam uma disputa violenta pelo controle do jogo do bicho em Campo Grande. Após a prisão da família Name, seus pontos teriam sido vendidos para um grupo de São Paulo, conhecido como MTS. A organização dos Razuk teria tentado tomar esses pontos “na marra”, utilizando violência.

Três assaltos a recolhedores do jogo do bicho, ocorridos no dia 16 de outubro de 2023, chamaram a atenção das autoridades e deram início às investigações que culminaram na ação penal. Os crimes foram executados à luz do dia, com aparato especial e armas, contra motociclistas responsáveis pela arrecadação diária dos valores da contravenção.

A primeira fase da Operação Successione foi deflagrada em dezembro de 2023, cumprindo 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão, quando ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram presos.

(*) com informações do Correio do Estado

Compartilhe nas Redes Sociais