Fragilidade fiscal em MS: 36% dos municípios têm pagamentos a fornecedores atrasados, apesar de folha em dia

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Levantamento da CNM revela que, enquanto prefeituras priorizam salários, despesas correntes sofrem, e 7% temem atrasar a folha de dezembro

 

Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta uma fragilidade fiscal estrutural em Mato Grosso do Sul: 36% dos municípios do estado (26 prefeituras) encerram o ano com pagamentos a fornecedores em atraso. O dado contrasta com o compromisso de manter em dia os salários dos servidores, realidade afirmada por 99% das administrações.

O percentual de atrasos no estado supera a média da região Centro-Oeste, que é de 29%, evidenciando um problema fiscal mais acentuado em solo sul-mato-grossense. A situação revela que a dificuldade vai além da folha de pessoal e se concentra nas despesas correntes necessárias para a manutenção dos serviços públicos.

De acordo com a pesquisa, a prioridade dos gestores tem sido evitar passivos trabalhistas. No caso do 13º salário, 94% dos municípios afirmam que o recurso extra de 1% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) foi crucial para viabilizar o pagamento. Ainda assim, estratégias variam: 45% das prefeituras optaram pelo pagamento parcelado do benefício, enquanto 55% realizaram o pagamento em parcela única.

Apesar do esforço, o estresse fiscal aparece no horizonte: 7% das prefeituras admitem que a folha de pagamento de dezembro pode atrasar. Além disso, 24% dos municípios afirmaram que podem deixar “restos a pagar” sem cobertura financeira para 2026, transferindo o problema para o próximo exercício.

Mesmo diante das dificuldades, 79% dos prefeitos do estado acreditam que conseguirão fechar as contas de 2025. O dado revela um otimismo moderado, sustentado, em muitos casos, por medidas de contenção de gastos e postergação de despesas. No entanto, 19% dos gestores já admitem que não conseguirão cumprir todas as obrigações até o fim do exercício.

A pesquisa da CNM, que ouviu 75% dos municípios do país, mostra que o cenário de desafios é nacional. Para 80,2% dos gestores, o principal entrave de 2025 foi a crise financeira e a falta de recursos. A instabilidade política e econômica aparece em segundo lugar (67,5%).

Para 2026, as expectativas estão divididas: 44,6% dos gestores acreditam em uma economia boa ou muito boa, enquanto 35,8% demonstram pessimismo.

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, avalia que os dados mostram maior controle fiscal no fim de 2025, mas faz um alerta: “Acreditamos que o ano de 2026 trará desafios significativos, que podem ser acentuados com o cenário político-eleitoral, à medida que podem ser aprovadas pautas-bombas com custos insustentáveis para as finanças municipais”.

(*) com informações do Correio do Estado 

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Edição 269