Na tentativa de emplacar a candidatura do ex-secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel (PSDB), os tucanos vão exigir que o MDB retira a candidatura do ex-governador André Puccinelli ao Governo do Estado para apoiar Simone Tebet para presidente da República. Na prática, as negociações visam trocar um candidato favorito, já que o emedebista lidera as pesquisas, por uma candidatura que não passa 1% em nível nacional.
A condição foi revelada nesta quarta-feira (25) pelo presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. Ele afirmou que a totalidade dos tucanos deve apoiar a senadora, mas a negociação inclui o apoio do MDB aos candidatos do PSDB em Mato Grosso do Sul, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul.
“O terceiro pilar é a reciprocidade nos palanques regionais que são fundamentais para o PSDB. O Rio Grande do Sul, onde a liderança de Eduardo Leite é fundamental na eleição estadual. A parceria com o MDB é vista por nós como sendo fundamental. Isso se repete no Mato Grosso do Sul, Estado da senadora Simone Tebet e governado pelo PSDB. Não nos parece coerente que não haja essa unidade. E Raquel Lyra em Pernambuco, que é uma das apostas nossa desta renovação de lideranças do PSDB. Esses três Estados são fundamentais para avançarmos nessa construção. Só vai ter sentido formalizarmos a reunião da executiva quando essa construção política e programática estiver consolidada”, afirmou o dirigente tucano.
A articulação do PSDB visa tirar Puccinelli da disputa pela segunda vez para ganhar uma eleição. Em 2018, Reinaldo Azambuja (PSDB) acabou reeleito no segundo turno após o ex-governador se retirar da disputa após ser preso acusado de corrupção na Operação Lama Asfáltica. O emedebista permaneceu atrás das grades por cinco meses.
Agora, Reinaldo articula em nível nacional para tirar André da disputa e tentar emplacar Riedel, que empacou em 4º lugar desde o início da pré-campanha eleitoral. O desafio do tucano será hercúleo. O ex-secretário tem 10,60%, metade dos 22,40% de André, e atrás de Marquinhos Trad (PSD), com 21,60%, e da deputada federal Rose Modesto (União Brasil), com 14,20%. Ele ainda corre o risco de ser ultrapassado pelo deputado estadual bolsonarista Capitão Contar (PRTB), que está com 8,2%.
Na atual campanha, não é a primeira vez que o PSDB tenta tirar André Puccinelli da disputa. O emedebista já foi alvo de boatos de que trocaria a disputa ao Governo por falta de recursos em troca da primeira suplência de senador da deputada federal Tereza Cristina (PP). Como ela é cotada para reassumir o Ministério da Agricultura em caso de reeleição de Bolsonaro, a sua suplência seria fava contada de que o adjunto vire senador.
O acordo será mais fácil em Pernambuco, onde Raquel Lira (PSDB) aparece em segundo nas pesquisas e não tem nenhum nome do MDB. No Rio Grande do Sul, o candidato do MDB, Gabriel Souza, tem menos de 2% nas pequisas, contra 6% do atual governador, Ranolfo Vieira Júnior (PSDB). O líder ente os gaúchos é o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL).
“Esses três Estados são fundamentais para avançarmos nessa construção. Só vai ter sentido formalizarmos a reunião da executiva quando essa construção política e programática estiver consolidada”, afirmou Araújo.
Simone já conta com o apoio da gestão de Reinaldo e de Eduardo Riedel. O seu marido, o deputado estadual Eduardo Rocha (MDB), licenciou-se do mandato para assumir a Secretaria Estadual de Governo, responsável pela articulação política tucana.
Agora, a senadora tenta tirar o seu padrinho da disputa para pavimentar a disputa da presidência da República. A emedebista corre o risco de elevar a rejeição no Estado, já que só chegou ao Senado em 2014 porque Puccinelli abriu mão da disputa para que ela realizasse o sonho de seguir os passos do pai, o ex-senador Ramez Tebet. Simone passa a construir uma imagem de ingrata.
Puccinelli tem oscilando acima de 20% em todas as pesquisas e disputa de igual para igual com os outros favoritos na disputa. Já Simone patina entre 1% e 2% nas pesquisas. A grande dúvida é se o MDB vai trocar o favorito pelo duvidoso? Vai trocar 22% por 2% nas pesquisas?
Fonte: O Jacaré