Polícia prende ‘stalker’ em flagrante após ele passar meses perseguindo comerciante em Brasilândia

Um homem de 53 anos foi preso após perseguir uma comerciante em Brasilândia, na região leste do estado. Conforme a investigação, ele estava há alguns meses perseguindo a vítima, estacionando o carro sempre a duas quadras do trabalho dela, permanecendo lá até o final do expediente e, em seguida, a perseguia até a casa dela. O flagrante ocorreu há 3 dias.

O delegado Thiago Passos, responsável pelas investigações, disse que o suspeito negou o crime e disse que “tinha uma paquera, que era outra pessoa”. No entanto, conforme a polícia, o suspeito foi monitorado por 15 dias e, neste período, foi constatado que, diariamente, ele parava o carro nas proximidades do comércio e depois seguia a mulher até a casa dela, quando encerrava o turno de trabalho.

Com imagens de câmeras, a investigação também apontou que o suspeito passou na frente da casa dela em algumas ocasiões. Ele foi indiciado pelo crime de perseguição, com pena que pode chegar a 3 anos de prisão, de acordo com o artigo 147-A do Código Penal.

Na delegacia, o homem teve fiança arbitrada em R$ 2 mil. Ele, que não tinha antecedentes criminais, foi liberado após pagar o valor e responderá ao processo em liberdade.

Stalker é um termo em inglês para designar o perseguidor, ou seja, alguém que, obsessivamente, segue outra pessoa, vigiando suas rotinas, sendo esta perseguição insistente e podendo resultar em ataques ou agressões.

PARA QUEM QUER SABERMAIS SOBRE O ASSUNTO, VEJA OS 5 TIPOS DE STALKER:

De acordo com Ana Lara Camargo de Castro, promotora do Ministério Público Estadual, especialista em crimes de Stalking e co-autora de 2 livros publicados no Brasil, outros autores e pesquisadores da área afirmam que os assediadores podem ser classificados em 5 tipos:

O REJEITADO

“É o tipo que se utiliza da maior variedade de práticas de perseguição e emprega todos os métodos de intrusão e assédio, por sentir-se preterido, rejeitado, ferido em seu orgulho. São os tipos mais comuns, que representam a maioria absoluta dos casos de stalking identificados e nos quais, em regra, incluem-se os stalkers em contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher.”

O RANCOROSO

“Surge do sentimento de sentir-se maltratado, injustiçado ou humilhado. A vítima pode ser completa estranha ou mera conhecida, a quem ele atribui o motivo de sua raiva. A motivação costuma ser vingança, mantida pela sensação de controle que obtém em causar medo na vítima. Pode também demonstrar ressentimento em relação à empresa, autoridade ou ao sistema – forças poderosas e opressoras contra as quais acredita estar reagindo. Em classificações diversas, podem ser denominados como stalkers políticos ou de pauta específica.”

O CARENTE

“Ele busca intimidade, surge de um contexto de solidão e falta de autoconfiança. A vítima costuma ser estranha ou mera conhecida com quem o stalker deseja formar vínculo, como pessoas famosas em algum segmento. É comum que sofra de transtorno delirante e acredite estar sendo correspondido. Nessa categoria, encontram-se aqueles que, em classificações propostas por outros autores, podem ser denominados como de fixação delusória, assediadores de celebridades ou erotomaníacos.”

O CONQUISTADOR INCOMPETENTE

“É o que pensa que deveria ser desejado, mas não tendo êxito, persegue a vítima. O foco nem sempre é uma vítima conhecida. Diferencia-se daquele carente de intimidade, porque sua motivação não é o estabelecimento de vínculo amoroso e, sim, encontro passageiro ou relação sexual. Costuma assediar por curto período de tempo e quando o comportamento é mantido, isso se dá por cegueira ou indiferença ao incômodo causado.”

O PREDATÓRIO

“É aquele que pode efetivamente atentar contra a vítima. O predatório surge no contexto de transtorno de preferência sexual, ou ‘perversão’. A motivação costuma ser a gratificação sexual, muitas vezes pelo simples voyeurismo, mas geralmente evolui para estupro, servindo o stalking como instrumento de preparação para o ataque. O stalker dessa natureza tem prazer na observação. Diferente do rancoroso que deseja impor desconforto e medo, o predador muitas vezes não tem qualquer interesse em perturbar a vítima ou alertá-la. Em outras classificações aparece como sádico.”

Ana Lara explica que, como no Brasil a questão é pouco estudada, vítimas e autoridades ainda não identificam precisamente esse tipo de conduta.

“No início são atitudes irritantes, repetidas, mas aparentemente inofensivas: cartas, bilhetes, flores, presentes, abordagens elogiosas em redes sociais que, só depois de um tempo, diante da recusa de resposta, contato ou retribuição de afeto, evoluem para comportamentos mais agressivos.”

A promotora explica ainda que a reação, como no caso de Verlinda, da extensão do dano não ser levada em consideração acontece porque a sociedade costuma entender esse comportamento como um “galanteio”, e que a mulher deveria sentir-se lisonjeada com ele:

“Muitas vezes a própria vítima acha que está exagerando, que com o tempo a situação tende a melhorar, e familiares e amigos, da mesma forma, reagem desprezando a gravidade dos fatos”, alerta a promotora.

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Edição 252