Em entrevista exclusiva ao Jornal Expressão MS nesta sexta-feira (15), a secretária de Saúde de Três Lagoas. Elaine Fúrio, falou sobre vários assuntos pertinentes à sua pasta na prefeitura do município, e dentre os assuntos abordados, a questão do plantão de pediatra na UPA, uma reivindicação antiga da população, e que deverá entrar em funcionamento a partir de 2022. A entrevista foi ao ar nas plataformas de redes sociais do Expressão MS no Facebook (@expressao.ms), no canal Expressão MS no Youtube, e também está no site do Expressão MS, na sesssão de vídeos.
Para Elaine Fúrio, a saúde sempre vai ter o que melhorar pela complexidade dos atendimentos, mas tem recebido total apoio do prefeito Angelo Guerreiro na condução da pasta, e muitos projetos deverão ser implantados nos próximos meses, alguns ainda em 2021. Sobre o atendimento com pediatra na UPA e outros serviços, ela atribui alguns atrasos à total atenção dada pela administração municipal, e principalmente sua pasta, ao combate à pandemia da Covid-19 em 2021.
“Nosso prefeito sempre esteve atento e sempre investiu tudo o que pôde na questão da saúde. Depois de vários meses dormindo e acordando Covid, nós encaramos como se estivesse iniciando agora a gestão, e temos esse planejamento sim e iremos iniciar com uma escala fixa de ginecologistas porque temos esses profissionais e depois iremos para a escala de pediatra na UPA”.
Judicialização
Assunto que envolve questões de saúde e jurídica também, a secretária disse que no início da gestão do atual prefeito, o valor previsto para cumprir decisões judiciais de atendimentos que não fazem parte da obrigação do município, era muito elevado, em torno de R$ 3 milhões por ano, e hoje conseguiram reduzir para R$ 1 milhão/ano. Muitas decisões judiciais obrigam o município a custear atendimentos médicos e tratamentos a pessoas com patologias de complexidades, que na verdade, são de responsabilidade do Estado ou União.
“É importante explicar que primeiramente trabalhamos em rede, com vários setores de forma integrada. Temos a rede de atenção primária, que é a porta de entrada dos atendimentos na saúde, que são as unidades de saúde do município, que é onde deveríamos resolver até 80% dos casos. Passando dessa rede, nós temos a rede de atenção de urgência e emergência que seriam os atendimentos especializados, da UPA e Samu, e depois entramos numa outra esfera que são os atendimentos de alta complexidade, e trabalhamos com essa rede integrada, uma complementando a outra. A parte da judicialização realmente penaliza muito o município. No início da gestão Angelo Guerreiro em 2017, a estimativa era de R$ 3 milhões em judicialização ano, e trabalhando bastante e comprando alguns tipos de serviços, hoje trabalhamos com estimativa de R$ 1 milhão ano”.
Hospital Auxiliadora
Assunto que sempre é alvo de questionamentos na Câmara de Vereadores e nas redes sociais, a secretária especificou os atendimentos contratualizados pelo município junto ao HNSA, e questão de internações, tanto aos pacientes de Três Lagoas quanto dos municípios da região, onde o hospital é referência.
“Na verdade temos dois assuntos diferentes nesta questão. Um é a contratualização do hospital pelo município, que estamos desenvolvendo porque vence agora em novembro e nós estamos renegociando com o hospital, e temos todos os serviços contratualizados ali dentro, desde a porta de entrada que seriam os serviços de urgência e emergência, temos cirurgias tanto de urgência quanto eletivas, temos serviços de hemodiálise, de oncologia, nós temos todos esses serviços contratualizados”.
Um tema que foi muito debatido na Câmara de Vereadores e redes sociais há alguns dias atrás, foi relacionado à eventual recusa do hospital Auxiliadora de receber pacientes para internação. A secretária explicou como realmente funciona esse atendimento atualmente, e o porquê podem haver recusas de internações de pacientes, e como isso é decidido.
“A questão da recusa desses pacientes vem de um serviço novo em Três Lagoas, que é o CORE, a central de regulação de leitos, ou seja, que regula as vagas. Três Lagoas, como sede de macrorregião, é responsável por essa regulação, e essa pandemia nos fez ver a importância dessa regulação pra gente. Nós inauguramos esse serviço aqui em Três Lagoas, trouxemos pra nós, e antes era em Campo Grande. A questão de leitos é muito clara: tem a vaga ou não tem a vaga dentro do hospital; esse serviço existe aqui ou ele não existe? Ele vai ser regulado para o hospital Nossa Senhora Auxiliadora ou vai para Campo Grande? Se o paciente está na UPA e precisa de uma vaga, essa solicitação vai para essa central, o médico regulador responsável, e nós temos médicos 24 horas nessa central, ele vai olhar toda a descrição do caso, vai solicitar exames complementares, ele vai pedir uma descrição melhor do paciente, e essa vaga pode demorar. De acordo com essa regulação médica, a central pode solicitar a vaga para o hospital de referência, ou seja aqui no Auxiliadora, ou pode solicitar a vaga para Campo Grande, e a disponibilização de vaga precisa sair do hospital de referência. Caso a vaga seja negada e o paciente realmente precise ir, ele vai de vaga zero, que é ele simplesmente chegar até o hospital. Então essa regulação precisa ser entendida porque é algo novo em Três Lagoas, é um serviço novo, e tudo o que é novo vai causar dúvidas”, esclareceu Fúrio.
Cirurgias eletivas e exames
Em função do combate à pandemia da Covid-19, a prefeitura suspendeu as cirurgias eletivas programadas para o ano passado para que houvessem quantidade maior de leitos para melhor atendimento dos pacientes internados com a Covid, e a decisão gerou muito descontentamento e reclamações na época. A secretária afirmou que já foram retomados alguns serviços a partir de julho.
“Passamos um longo período com nossas agendas fechadas ou parcialmente fechadas, concentrando esforço onde deveríamos concentrar. Passamos vários meses realizando somente cirurgias e exames de urgência, temos uma demanda reprimida desses assuntos, e precisamos olhar pra isso. Hoje estamos trabalhando com três frentes: nosso município, o Estado e estamos agora numa parceria com a Câmara Municipal, onde faremos o possível através de vários mutirões tanto de cirurgias quanto de exames. Em relação ao Estado está vindo um grande programa que é o Opera MS e o Examina MS para realizar vários exames e também várias cirurgias em Três Lagoas”
Combate à Covid-19
O município de Três Lagoas, como a maioria dos municípios do país, viveu um período de atenção máxima por parte das autoridades em saúde em função do grande número de notificação de casos confirmados de Covid-19 e em consequência disso, de óbitos, com pico nos meses de fevereiro, março e abril. Elaine Fúrio deu um panorama geral de como está o combate e controle da pandemia no município.
“Nós passamos meses de muitos desafios diários, e cada dia era algo novo. Nós tivemos falta de oxigênio, falta de vários insumos, falta de sedativos, então nós tivemos muitos desafios com uma UPA superlotada, onde não tinha mais onde colocar paciente, e hoje, a gente atribui graças a Deus esse período que nos faz começar a pensar em planejar ações em outras áreas, não somente Covid, à questão da vacinação, não tem como ser diferente. A gente consegue fazer uma avaliação dos nossos números, das faixas etárias, que foram se vacinando e se imunizando, e a queda desses números, por isso é importante estar sempre falando e batendo na tecla da importância dessa vacinação”.
Acompanhe a entrevista na íntegra no vídeo abaixo: