O advogado Carlos Marques, ex-presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul), acusou o atual dirigente da entidade, Mansour Elias Karmouche (foto), de usar “dossiê” para intimidar as candidatas de oposição durante o debate da Rádio CBN, realizado na quinta-feira (11). Em nome de Rachel Magrini, da chapa “Um Novo Tempo para a OAB/MS”, ele apresentou interpelação criminal e pedido de explicações. A informação é do site O Jacaré.
Conforme a denúncia, presidente da Ordem há seis anos, Mansour chegou ao debate com uma pasta misteriosa, onde estava escrito “dossiê”. De acordo com a representação, o presidente da OAB/MS teria feito questão de dizer, em voz alta, que tinha “um dossiê”, sem dar mais detalhes.
Além disso, Mansour ficou na sala reservada aos apoiadores de Bitto Pereira, o candidato da situação, fazendo questão de exibir a pasta com a palavra “dossiê”. Conforme Marques, ele fazia questão de ler e mostrar aos assessores das adversárias, Rachel e Giselle Marques, que estava de posse de documentos.
“Pasmem: dentro de um ambiente super democrático, considerando o quarto poder, que é a imprensa, usou vergonhosamente de técnicas de intimidação que não se vê há muitos anos”, acusou Carlos Marques, em mensagem enviada aos advogados. “Ficou numa sala com parede de vidro, voltado para o público externo, com um suposto caderno contendo um suposto DOSSIÊ, em evidente técnica de intimidação”, destacou.
Nesta sexta-feira (12), Carlos Marques assinou a petição, em nome da chapa de Rachel Magrini, para interpelar criminalmente e pedir explicações a Mansour Elias Karmouche sobre o suposto dossiê. Ele faz oito questionamentos sobre a misteriosa pasta. A principal questão é saber se Karmouche possui dossiê contra uma das candidatas de oposição e se existe algo grave, tomou as providências para não cometer o crime de prevaricação.
“Assim que chegou ao recinto fez questão de falar sobre um suposto dossiê que, teria, em voz alta, por duas ou três vezes e o que foi ouvido por vários dos presentes do recinto, embora não tenha feito qualquer menção a qualquer uma das duas candidatas de oposição e mulheres presentes ao debate”, pontuou o advogado.
Giselle Marques afirmou que não viu nenhum dossiê nem o ato do presidente da OAB. “Eu não vi este dossiê. O Mansour me tratou muito bem e me cumprimentou com muita educação”, afirmou. “Não vi o Mansour colocando isso”, frisou. “Fiquei surpresa”, afirmou, sobre a denúncia de que o dirigente usou o dossiê para pressionar as candidatas. Ela nega que tenha sido coagida durante o debate.
De acordo com o site O Jacaré, o presidente da OAB/MS, Mansour Elias Karmouche, foi procurado para saber por que usou a pasta com a palavra “dossiê” durante o debate. Ele leu as mensagens no aplicativo, mas não se manifestou nem retornou até o momento, e o espaço segue aberto.
A técnica de usar dossiê contra adversários é frequente na política, mas, geralmente, ocorre nos bastidores, sem qualquer registro fotográfico ou de forma explícita. Até no caso mais famoso da política nacional, que foi no debate do segundo turno das eleições de 1989, entre Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva, ocorreu de forma sútil.
No entanto, o caso de Collor entrou para a história nacional e ficou famoso como exemplo de jogo sujo em uma campanha eleitoral. O candidato levou uma pasta com vários documentos e insinuou que eram denúncias contra o petista, deixando Lula nervoso durante o debate exibido em rede nacional.
A eleição da OAB/MS acontece na próxima sexta-feira (19) e movimenta uma verdadeira guerra pelo poder. Além do orçamento de R$ 11 milhões, a entidade é uma das principais referências da sociedade civil organizada no embate com a classe política e também é responsável pela indicação de desembargadores para os tribunais. No próximo ano, a entidade vai indicar o substituto do desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte, que se aposentará aos 75 anos e abrirá uma vaga para um (a) advogado (a).
Fonte: O Jacaré