ISI Biomassa desenvolve combustíveis de alto desempenho a partir de resíduos de eucalipto

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O eucalipto é uma espécie versátil, cultivada para os mais variados fins, como produção de celulose, papel, móveis, carvão e óleos, entre outros. Até os resíduos da colheita são aproveitados para gerar energia elétrica. Pesquisadores industriais do ISI Biomassa (Instituto SENAI de Inovação em Biomassa), localizado em Três Lagoas (MS), estão avaliando o potencial desse resíduo para produzir combustíveis renováveis de alto desempenho. E, de quebra, podem contribuir para a redução da emissão de gases de efeito estufa.

O resíduo da colheita do eucalipto é uma biomassa abundante em Mato Grosso do Sul devido ao grande volume de áreas plantadas para atender as indústrias de papel e celulose. Segundo o Ibá (Instituto Brasileiro de Árvores), em 2020 havia 1,13 milhão de hectares em área plantada dessa cultura. O Estado é segundo colocado no ranking nacional em áreas cultivadas. No entanto, o resíduo não aproveitado acaba apodrecendo no terreno, o que produz metano – um dos gases que, em altas concentrações na atmosfera, levam ao aumento da temperatura média global.

Diante desse cenário, pesquisadores e analistas do ISI Biomassa, em Três Lagoas, idealizaram em parceria com a Eldorado Brasil Celulose a proposta de aproveitar a biomassa para gerar dois combustíveis: um biocarvão e um “diesel verde”. Ambos podem ser empregados de várias formas no ciclo produtivo da celulose, desde o abastecimento de maquinário até a geração de energia térmica. Essa é a ideia do projeto “Forest4fuel”, que foi aprovado em edital da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (Fundect).

Tiago Hendrigo de Almeida, um dos idealizadores do projeto, explica a teoria por trás da ideia. “Os tocos e raízes da planta são ricos em lignina, o macroconstituinte que confere resistência mecânica à planta. Já sabemos que a partir da pirólise desses materiais produzimos biocarvão e bio-óleo pesado. O que a pesquisa se propõe é uma prova de conceito, isto é, validar na prática o que já se sabe na teoria”.

O pesquisador industrial comenta ainda sobre os inúmeros benefícios no aproveitamento da biomassa. “Uma vez que o talhão estará livre de resíduos, o próximo ciclo do plantio de eucalipto pode ser acelerado. Também estaremos promovendo a redução da emissão de gases de efeito estufa”.

O projeto contará com recursos de R$ 610 mil da Fundect e será desenvolvido ao longo de dois anos.

Dados sobre o eucalipto

O eucalipto é a principal espécie florestal cultivada no Brasil, respondendo por 7,4 milhões de hectares ou 77% da área total de florestas plantadas no país. Mato Grosso do Sul possui a segunda maior área cultivada com a espécie, com 1,135 milhão de hectares, ou 15% do total.

Mato Grosso do Sul responde pelo maior volume de madeira em tora destinada à fabricação de celulose, com 14,7 milhões de metros cúbicos ou 20% do total do país. Além disso, são produzidas no Estado em torno de 5 milhões de toneladas de celulose por ano, o que corresponde aproximadamente a 25% da produção nacional.

O Estado é líder na exportação de celulose, com US$ 1,5 bilhão em receitas em 2021, ou 24% da receita total obtida pelo país com a venda de celulose ao exterior. As informações são do relatório “Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura”, do IBGE; do Relatório anual Ibá; e ComexStat.

Fonte: Fiems

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