A Polícia Civil indiciou o ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) pelos crimes de estupro, importunação sexual e assédio sexual. A informação foi obtida pela reportagem do Correio do Estado com fontes da polícia.
Os crimes contra a dignidade sexual, apurou o Correio do Estado, foram cometidos contra três mulheres. Como denúncias foram feitas em julho deste ano, e os atos sexuais ou tentativa de atos sexuais, em algumas ocasiões, ocorreram no gabinete da Prefeitura de Campo Grande, conforme o relato das vítimas.
Na manhã de ontem (18), Marquinhos Trad compareceu à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) para prestar depoimento no inquérito que investiga os crimes.
O depoimento do investigado, conforme o rito dos policiais inquérito, foi a última fase da investigação.
Depois de falar à delegada Maíra Pacheco Machado por aproximadamente três horas, Marquinhos Trad atacou o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e evitou falar de fato das acusações. Para ele, o caso foi “armação política”.
“Uma das maiores armações políticas, institucionais e estatais que este Estado já viu. Infelizmente refletiu nas urnas, e o tempo vai mostrar que foi uma verdadeira crueldade que fez. Logo vocês vão ficar sabendo”, comentou, depois de horas de depoimento.
Sobre a investigação, o ex-prefeito disse que era inocente e preferiu atacar adversários políticos.
O que ocorreu no último dia que a Polícia Civil tinha para encerrar o caso. Em conversa anterior com a reportagem, a delegada responsável chegou a cogitar pedir nova prorrogação das investigações.
Com a decisão de indiciar o ex-prefeito, o caso segue agora para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), para que ele apresente ou não denúncia no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).
Caso seja denunciado pelo MPMS, Marquinhos será réu por estupro, importunação sexual e assédio sexual.
INVESTIGAÇÃO
Marquinhos Trad começou a ser investigado em julho deste ano, quando três mulheres procuraram a Polícia Civil para se queixarem dos abusos que foram praticados por ele enquanto ocupava a carga de prefeito de Campo Grande.
No depoimento, elas afirmaram que o ex-prefeito prometia emprego em troca de relações sexuais.
Em dois casos houve relação sexual consentida com as mulheres. Mas em um deles uma das mulheres ficou assustada ao ver o ex-prefeito seminu no banheiro. Este caso foi tratado como tentativa de estupro na ocasião.
Durante a investigação, mais de 13 mulheres procuraram a Polícia Civil para se queixar de episódios abusivos envolvendo o ex-prefeito.
Ao todo, Marquinhos Trad foi denunciado por 16 mulheres por assédio sexual, tentativa de estupro e favorecimento à prostituição, entretanto, no mês passado, a defesa do ex-prefeito já tinha conseguido desfavorecida como vítimas 10 mulheres, restando ainda seis em investigação.
No início deste mês, porém, Trad conseguiu uma vitória parcial na Justiça de Mato Grosso do Sul. A 3ª Câmara Criminal do TJMS concede habeas corpus e trancamento do inquérito policial em relação às três vítimas.
Segundo o relator do último habeas corpus, desembargador Luiz Claudio Bonassini da Silva, da 3ª Câmara Criminal do TJMS, o relato de três mulheres que se disse vítimas do ex-prefeito não configuram crime.
“Resta cristalino que, inobstante na percepção de [o nome da vítima será preservado] o paciente tem expressado uma intenção libidinosa, o que não se discute, o fato é que conduta que pode configurar qualquer ato libidinoso, mesmo na forma tentada, foi posta em prática. Mesmo na que toca às mensagens posteriormente remetidas via aplicativo de celular, por que resta clara a efetiva intenção libidinosa, ao receber a resposta firme em sentido contrário, o paciente recuou, sem qualquer insistência. Diante de tais fundamentos, conclui-se que a conduta do paciente em relação à [vítima], conforme declarações por ela prestadas, e acima transcritas, é penalmente atípica”, afirmou o desembargador sobre um dos casos encerrados.
No entanto, o político ainda era investigado por outros três casos, que resultou no fechamento desta terça-feira.
OUTRO INDICIADO
No dia 9 de setembro, Victor Hugo Ribeiro Nogueira, que era servidor comissionado do gabinete de Marquinhos Trad no período em que ele era prefeito, foi indiciado pelos crimes de corrupção ativa de testemunhas, coação no curso do processo e favorecimento à prostituição, pararnando-se réu no dia 22 de agosto.
A conexão do caso de Victor Hugo com o caso de Marquinhos é que o ex-servidor teria supostamente coagido uma das vítimas a mudar sua versão em cartório.
Fonte: Correio do Estado