Entre 2020 e 2022, a quantidade de empresas abertas em Ribas do Rio Pardo dobrou. De acordo com o prefeito da cidade, João Alberto Danieze, Ribas contava com aproximadamente 1,4 mil empresas, número que em 2022 chegou a aproximadamente 2,8 mil.
“A viabilidade para uma empresa em Ribas do Rio Pardo é rápida, sai em 48 horas. Ela só demora um pouco mais porque, se a atividade econômica for duvidosa, eu faço toda uma pesquisa por meio da minha vigilância sanitária”, comentou o prefeito.
Um dos fatores que acelerou o desenvolvimento socioeconômico no município foi a chegada da fábrica de celulose da Suzano, em 2021. Em entrevista ao Correio do Estado, o prefeito comentou os impactos da operação da fábrica, que exigirá cerca de 3,5 mil empregos diretos e indiretos, além de um crescimento populacional que entre 2026 e 2027 deve atingir 7 mil novos habitantes.
“São 3,5 mil novas famílias e uma série de outros trabalhadores indiretos. É o padeiro, é o borracheiro, lojas de conveniência”, exemplificou João Alberto.
Ao Correio do Estado, o gestor também comentou que a desburocratização é um objetivo futuro do município, que por enquanto está ainda no começo de implementar processos de digitalização.
“Nós estamos começando isso, nós desenvolvemos um aplicativo, o Ribas Digital, em que o cidadão tem a cidade em suas mãos. Ele pode fazer matrículas, reclamações à ouvidoria, procurar vagas de trabalho”.
“Já temos também alguns processos digitalizados, como o contribuinte não ter a necessidade de ir para o município buscar uma certidão negativa, ou pegar um carnê de IPTU, basta ele entrar no portal e ali, por meio do CPF e CNPJ, ele tem toda essa informação e esse documento na mão. Estamos em uma fase de transição, não é fácil”, disse.
EMPRESAS
O crescimento das empresas de Ribas do Rio Pardo reflete o ritmo do Estado como um todo. O número de empresas abertas em Mato Grosso do Sul passou de mil em um único mês pela primeira vez desde o início da série histórica iniciada em 2000.
Em março, foram abertos 1.092 novos CNPJs no Estado, crescimento de 31% em relação ao apurado no mês de fevereiro (834) e 20% maior do que foi registrado no mês de março do ano passado (913).
O setor de serviços continua respondendo pela grande maioria das novas empresas abertas. Foram 780 em março, ou 71,43% do total. Comércio vem em segundo, com 270 firmas, e a indústria, com 3,85%.
Para o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a explicação está no bom momento da economia sul-mato-grossense.
“Esses números reforçam um reposicionamento do Estado do ponto de vista econômico nos últimos anos, fruto de um conjunto de medidas e políticas públicas que possibilitaram o crescimento da economia com a concessão de incentivos fiscais, a segurança jurídica por meio da Lei de Liberdade Econômica, um ambiente favorável aos investimentos que se refletem também na geração de empregos e melhoria da renda da população”, afirma o secretário.
Outro fator determinante para destravar os investimentos, apontado pelo diretor-presidente da Jucems, Nivaldo Domingos da Rocha, foi a informatização que deu mais agilidade e simplicidade aos procedimentos, mantendo a segurança do processo.
“Em março, o tempo médio para emissão do registro foi de 1 hora e 42 minutos, o menor de todos os tempos”, afirmou. Antes de se iniciar o processo de informatização dos serviços da Jucems, a abertura de uma empresa podia demorar semanas.
No primeiro trimestre de 2023, foram 2.670 novos estabelecimentos formalizados em Mato Grosso do Sul, sendo 1.907 de serviços, 658 do comércio e 105 da indústria. Crescimento de 12,6% em relação aos primeiros três meses de 2022.
DESBUROCRATIZAÇÃO
Facilitar e agilizar os processos burocráticos é um dos desafios também da Capital. Conforme reportagem do Correio do Estado publicada em março, Campo Grande lidera como a capital mais rápida na abertura de empresas do Centro-Oeste.
Dados do Mapa de Empresas, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), apontaram que o tempo médio necessário para a abertura de uma empresa na Capital é de 7,6 horas.
Um dos fatores é que, em janeiro deste ano, foi concluída a integração de diferentes instituições na Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (RedeSim), além de todo o processo de digitalização dos procedimentos da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems), que teve início em 2018.
Neste ano, o tempo médio para a abertura de uma empresa em Mato Grosso do Sul era de 44 horas.
Porém, de acordo com o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE), que apresenta um ranking geral das cidades com melhores condições para o empreendedorismo, a posição da Capital entre outras 101 cidades é o 58º lugar.
A reportagem do Correio do Estado mostrou no início deste mês que Campo Grande ainda é um lugar onde as condições para o empreendedor são mais complicadas do que favoráveis, conforme o índice.
O pior desempenho da Capital foi no quesito ambiente regulatório, ficando em 91º lugar. Esse quesito envolve vários critérios, como tempo de processos, complexidade burocrática e tributação, como o ISS.
O doutor em Economia Michel Constantino também falou sobre a Lei de Liberdade Econômica em Mato Grosso do Sul. “O Estado implantou a Lei de Liberdade Econômica para alavancar esse indicador [ambiente de negócios], mas outros municípios se apropriaram melhor de práticas para dar mais liberdade e incentivos a empreender”, disse.
Fonte: Correio do Estado