Facção PCV usava empresas fantasmas e até coronel da PM para ocultar R$ 104 milhões em bens apreendidos

Thais Dias

A Polícia Civil do Espírito Santo deflagrou nesta quarta-feira (14) a Operação Baest, que desarticulou uma complexa rede de lavagem de dinheiro ligada ao Primeiro Comando de Vitória (PCV), com participação de empresas e indivíduos em Mato Grosso do Sul. As investigações revelaram que o esquema criminoso utilizava empresas de fachada, incluindo uma transportadora fantasma sem sede ou frota registrada e uma empresa de produtos rurais sediadas em MS.

Os mandados judiciais foram cumpridos em quatro estados, com três ações em Mato Grosso do Sul – nas cidades de Dourados, Eldorado e Mundo Novo. Dois alvos foram localizados, enquanto um terceiro continua sendo procurado pelas equipes do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).

A operação, que começou a ser planejada em 2023, contou com a participação de um coronel da reserva da Polícia Militar do Espírito Santo e diversos empresários de vários setores, que atuavam na ocultação de recursos provenientes do tráfico de drogas.

Os números da operação impressionam: R$ 104 milhões em contas bloqueadas, 9 imóveis apreendidos, 12 veículos (incluindo modelos de luxo como Porsche Panamera e Cayenne), 7 armas de fogo, jóias e criptomoedas. Em Mato Grosso do Sul, foi apreendido um veículo popular, que agora será periciado.

A força-tarefa contou com o apoio operacional e logístico do Projeto I.M.P.U.L.S.E./ENFOC do Ministério da Justiça e Segurança Pública, além das polícias civis de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Paraná. O objetivo central da ação foi atingir o poderio financeiro da facção criminosa e desestruturar seu aparato patrimonial.

Todos os bens apreendidos passarão por perícia para comprovação de origem ilícita e, posteriormente, poderão ser incorporados ao patrimônio público. As investigações continuam em andamento, com perspectiva de novas medidas judiciais.