O acordo entre a J&F e a Paper Excellence, que envolve a compra, pela holding brasileira, das ações da empresa sino-indonésia da Eldorado Brasil Celulose, deve destravar um investimento de pelo menos US$ 5 bilhões (R$ 28 bilhões) na construção da segunda linha de produção da empresa, localizada em Três Lagoas.
O acordo bilionário para a compra da participação da Paper, do sino-indonésio Jackson Widjaja, pelos brasileiros Joesley e Wesley Batista, donos da holding J&F, avançou ao longo desta semana e deve ter mais detalhes divulgados nos próximos dias.
A expectativa é de que os irmãos Batista paguem pelo menos US$ 2,7 bilhões a Widjaja pela participação de 49,5% na Eldorado Brasil Celulose.
No ano passado, Joesley Batista, em um evento para empresários em São Paulo (SP), afirmou que o projeto da segunda linha seria iniciado “em breve”.
O investimento na Eldorado estava condicionado a um acordo com a Paper Excellence, que trava há oito anos uma disputa jurídica e em câmaras arbitrais pelo controle da empresa.
A segunda linha da Eldorado terá capacidade de processar, pelo menos, mais de 2,5 milhões de toneladas de celulose.
Atualmente, a empresa tem uma capacidade instalada de 1,9 milhão de toneladas por ano, mas, em função da alta produtividade, chega a se aproximar ou ultrapassar os 2 milhões de toneladas do composto vegetal usado na fabricação de papel, lenços, itens de higiene e embalagens, entre outras finalidades.
O argumento do investimento represado na Eldorado chegou a ser utilizado em uma das batalhas travadas pelo controle da empresa no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que acabou tirando, por alguns meses, a Paper Excellence do conselho de administração da companhia.
A tese da holding dos irmãos Batista, que chegou a ser acatada pelo órgão, era de que a empresa de Widjaja não demonstrava interesse na expansão da Eldorado e que a disputa pelo controle dificultava novos investimentos.
De fato, a Eldorado ficou para trás nos últimos anos na corrida pela produção de celulose em Mato Grosso do Sul. Enquanto a disputa era travada entre os Batista e Widjaja nos tribunais, a concorrente Suzano expandiu sua produção no Estado e inaugurou uma megafábrica em Ribas do Rio Pardo, cidade a 130 km de Campo Grande.
Neste ano, a Arauco iniciou as obras de outra megafábrica, em Inocência, e, nos próximos anos, será a vez de a Bracell iniciar sua unidade em Bataguassu.
Nos bastidores, a preocupação na Eldorado Celulose é de que falte mão de obra para executar o projeto da segunda linha, uma vez que há escassez de técnicos e engenheiros especializados em grandes estruturas, e boa parte deles estará mobilizada nos projetos da Arauco e da Bracell.
Acordo
A J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, fechou um acordo para recomprar a participação da Paper Excellence na Eldorado Brasil Celulose, encerrando uma disputa societária que se arrasta há oito anos. A planta industrial localizada em Três Lagoas é atualmente controlada pelos Batista (com 50,5% das ações) e tem como sócia a Paper Excellence, empresa do bilionário sino-indonésio Jackson Widjaja.
O impasse teve início em 2017, quando a venda total da Eldorado para Widjaja foi anunciada, mas não concluída, em função da ausência de garantias financeiras por parte do comprador.
A negociação que encerra o conflito foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Correio do Estado.
A expectativa é de que a transação seja formalizada até o fim desta semana, com a recompra das ações detidas por Widjaja. Segundo fontes próximas ao processo, os representantes legais da Paper Excellence já teriam concordado com a venda da fatia por US$ 2,7 bilhões.
A disputa ganhou novos contornos após a Justiça Federal em Três Lagoas confirmar uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que suspende a aquisição de imóveis rurais pela Eldorado e pela Paper Excellence até que ambas obtenham autorização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Congresso Nacional.
Essa exigência, baseada na legislação brasileira que restringe a compra de terras por estrangeiros, acabou inviabilizando a conclusão da venda para a Paper.
A resolução do impasse pode destravar investimentos de grande porte na fábrica. A Eldorado pretende aplicar cerca de US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 26 bilhões) na construção de uma segunda linha de produção, projeto paralisado desde o fim da década passada justamente por conta da indefinição sobre o controle acionário da empresa.
Com informações do Correio do Estado