Universidades e Instituto Federal de MS enfrentam risco de colapso financeiro

Reitores alertam para falta de recursos e buscam apoio parlamentar, enquanto governo federal restringe orçamentos

Thais Dias

As universidades federais e o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) enfrentam um cenário crítico de falta de recursos, com risco de colapso nas atividades de ensino, pesquisa e manutenção básica. Reitores estão “de mãos atadas” após o governo federal, por meio do Decreto 12.448/2025, assinado pelo presidente Lula em 30 de abril, autorizar o Ministério da Educação (MEC) a liberar apenas 61% do orçamento das instituições até novembro.

A bancada federal de MS destinou R$ 50 milhões em emendas parlamentares para a educação superior no estado, mas os recursos são voltados a projetos específicos, não para custeio de despesas fixas, como água, energia e contratos terceirizados. Enquanto isso, reitores buscam acordos com parlamentares estaduais e federais para evitar o estrangulamento financeiro.

Situação crítica no IFMS
Com um orçamento de R$ 28milhões previstos para 2025 sem contar os R$ 12 milhões da assistência estudantil –, o IFMS já sente o impacto da falta de recursos. A reitora Elaine Cassiano comparou a situação à de uma dona de casa sem dinheiro para pagar as contas: “Toda casa tem despesa fixa. Hoje, não tenho ‘um real’ para empenhar”, afirmou.

Segundo ela, o IFMS precisa de pelo menos R$ 1,5milhões por mês apenas para honrar contratos essenciais, como internet, água e energia solar. Orçamento necessário para o instituto, no entanto, seria de R$ 78 milhões – quase três vezes o valor disponível. “De investimento, eu já nem falo, porque nunca vem mesmo”, lamentou.

Senador afirma que há recursos garantidos
O senador Nelsinho Trad (PSD) destacou que as emendas individuais serão definidas até o fim de semana e garantiu que cada uma das três universidades (UFMS, UFGD) e o IFMS receberão R$ 12,5 milhões por meio da bancada federal.  “Em 2024, garantimos mais R$ 19,7 milhões para essas instituições”, afirmou.

No entanto, os reitores ressaltam que as emendas parlamentares não suprem as necessidades de custeio contínuo. O orçamento da rede federal de institutos, hoje em R$ 2,9 bilhões, está muito abaixo dos R$ 4,7 bilhões necessários para manter as atividades.

Cenário preocupante
Com o poder orçamentário cada vez mais concentrado no Congresso e a restrição de gastos do MEC, as instituições de ensino superior e pesquisa enfrentam incertezas. Enquanto aguardam uma possível recomposição orçamentária, reitores precisam fazer malabarismos para manter as portas abertas – um desafio que pode comprometer o futuro da educação pública no estado.

“Estamos fazendo planejamento semanal. Tudo o que foi planejado em 2024 está em operação agora, mas não sabemos como seguir”, desabafou a reitora do IFMS. O alerta está dado: sem uma solução estrutural, o colapso pode ser inevitável.

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