GRAA TA defende adoção consciente e cobra políticas públicas em Três Lagoas

Grupo de Apoio à Adoção destaca falta de suporte psicológico e preconceitos que dificultam adoções necessárias

Thais Dias

Na sessão desta terça-feira (28), a tribuna da Câmara Municipal de Três Lagoas foi ocupada por Mauro Henrique Soares, representante do GRAA TA (Grupo de Apoio à Adoção – Ato de Amor), que abordou os desafios e preconceitos enfrentados no processo de adoção no Brasil. O grupo busca conscientizar a população e pressionar por políticas públicas que garantam melhores condições para famílias adotivas e crianças acolhidas.

Mauro destacou que, apesar dos avanços, ainda persistem mitos e barreiras que dificultam a adoção, especialmente de crianças mais velhas, negras ou com irmãos. “O maior preconceito é em relação à adoção tardia, de crianças acima de três anos. Muitos acreditam que elas trazem traumas irreversíveis ou problemas comportamentais, mas o amor e o acompanhamento familiar podem transformar essas histórias”, explicou.

Outros desafios incluem a preferência por bebês, visto como “mais fáceis”, quando, na realidade, demandam tanto cuidado quanto crianças maiores; o racismo estrutural, que faz com que crianças negras tenham menos chances de adoção; e a preferência por meninas, baseada em estereótipos de que seriam “mais dóceis”, uma herança cultural equivocada.

Além dos preconceitos, Mauro alertou para a falta de suporte psicológico e estrutural após a adoção. “O pós-adoção é negligenciado no Brasil. As famílias precisam de acompanhamento emocional, mas o poder público apenas fiscaliza, sem oferecer suporte real. Isso pode levar a casos de ‘devolução’ de crianças, o que gera traumas profundos”, afirmou.

O GRAA TA atua como rede de apoio, mas enfrenta dificuldades por falta de espaço físico. Atualmente, o grupo funciona em uma sala da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), mas precisa de uma estrutura adequada para atendimentos psicológicos e atividades lúdicas.

Mauro também cobrou a atualização da Lei Municipal 3.720/2017, que institui a Semana Nacional da Adoção em Três Lagoas, mas não é plenamente cumprida. “Precisamos que a Prefeitura veja o GRAA TA como um serviço público essencial. Cada adoção bem-sucedida é uma economia para os cofres públicos, pois reduz os custos com acolhimento”, argumentou.

O grupo propõe que a lei seja ampliada para garantir apoio psicológico via SUS para famílias adotivas, estrutura física para atendimento especializado e campanhas permanentes de conscientização.

Quem deseja conhecer o GRAA TA ou tem interesse em adoção pode acessar o Instagram @graatta3tl, buscar informações no Fórum de Três Lagoas (próximo ao quartel) ou participar das reuniões, realizadas toda primeira terça-feira do mês, na UFMS (Campus 1).

Ao encerrar, Mauro reforçou que a adoção é um processo de amor mútuo: “A criança não só é adotada por uma família, mas também adota essa família. Não há diferença entre família biológica e adotiva – o que importa é o amor. Precisamos romper estigmas para que essas crianças tenham uma vida digna e feliz.”

O GRAA TA segue mobilizado por políticas públicas eficientes e por uma cultura de adoção mais inclusiva e consciente em Três Lagoas.

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Edição 249