Petrobras retoma obra bilionária de fertilizantes em Três Lagoas após 10 anos

Projeto paralisado desde 2014 deve começar a operar em 2028, com potencial para reduzir dependência de importações e baratear custos para produtores rurais.

Thais Dias

A Petrobras confirmou a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-3) em Três Lagoas, um projeto estratégico que estava paralisado desde 2014. Com previsão de entrada em operação em 2028, a unidade representa um investimento de R$ 3,5 bilhões e promete revolucionar o mercado de fertilizantes no Brasil, beneficiando principalmente os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e São Paulo, responsáveis pela maior parte da produção agrícola nacional.

A decisão de retomar o projeto faz parte do Programa Nacional de Fertilizantes do governo federal, que busca reduzir a dependência brasileira de importações nesse setor. Atualmente, o país importa cerca de 85% dos fertilizantes nitrogenados que consome, uma vulnerabilidade que ficou evidente com os recentes problemas na cadeia global de suprimentos. A UFN-3 terá capacidade para produzir 1,2 milhão de toneladas de ureia e 450 mil toneladas de amônia por ano, insumos essenciais para cultivos como soja, milho e cana-de-açúcar.

A Petrobras informou que o projeto está atualmente em fase de licitação para seleção das empresas que concluirão a obra. Uma equipe já está mobilizada no local para preservação do patrimônio e coordenação dos trabalhos. A expectativa é que as obras físicas sejam retomadas ainda no segundo semestre de 2025, com previsão de conclusão em 2026 e início das operações comerciais dois anos depois.

Paralelamente às obras, a estatal está implementando o Programa de Capacitação Autonomia e Renda, que oferecerá 3.960 vagas em cursos técnicos nas áreas de elétrica, mecânica industrial, instrumentação e segurança do trabalho. A iniciativa, desenvolvida em parceria com o Sesi-Senai e o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), prioriza a qualificação de moradores locais, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade social. O IFMS de Três Lagoas será uma das instituições responsáveis pela capacitação, com seis cursos inicialmente.

O impacto econômico do projeto deve ser significativo. Durante o pico das obras, estima-se a geração de 2.500 empregos diretos e 8.000 indiretos. Após a entrada em operação, a unidade manterá cerca de 400 vagas permanentes. Especialistas do setor agrícola calculam que a produção local de fertilizantes poderá reduzir em até 15% os custos para os produtores da região Centro-Oeste, além de diminuir a volatilidade de preços causada pelas importações.

A UFN-3 foi originalmente iniciada em 2011, mas foi paralisada três anos depois devido a restrições orçamentárias. Sua retomada em 2025 representa não apenas um avanço industrial, mas uma transformação social e econômica para Três Lagoas e toda a região. Autoridades locais e representantes do agronegócio celebram a decisão, destacando que o projeto colocará o Brasil em outro patamar na produção de fertilizantes.

Enquanto aguardam o início das obras, os moradores de Três Lagoas já podem se preparar para as oportunidades de capacitação profissional. O processo seletivo para os cursos deve ser aberto em agosto, com informações disponíveis nos canais oficiais do IFMS e do Sesi-Senai. Para a Petrobras, a UFN-3 é mais do que uma unidade industrial – é um projeto estratégico que fortalecerá a autonomia do país no setor de fertilizantes e impulsionará o desenvolvimento regional nos próximos anos.

Com cronograma apertado e grandes expectativas, todos os olhos estão voltados para Três Lagoas, onde um dos maiores investimentos industriais dos últimos anos no Mato Grosso do Sul está prestes a sair do papel. O sucesso da UFN-3 poderá definir novos rumos para o agronegócio brasileiro e para a economia da região Centro-Oeste nos próximos anos.

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