Condenados a 19 anos por tráfico, policiais perdem cargo após processo administrativo que confirmou irregularidades
Thais Dias
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Mato Grosso do Sul anunciou nesta quinta-feira (12) a demissão de dois investigadores da Polícia Civil por conduta incompatível com as funções públicas. Anderson César dos Santos Gomes e Alexandre Novaes Medeiros foram exonerados após processo administrativo que confirmou descumprimento de deveres funcionais e violação dos princípios éticos do serviço público.
Os dois policiais já haviam sido condenados pela Justiça a 19 anos, 4 meses e 12 dias de prisão em regime fechado por crimes relacionados ao tráfico de drogas. A decisão de demissão, assinada pelo secretário Antônio Carlos Videira, foi publicada no Diário Oficial do Estado e tem efeito imediato.
Os investigadores eram alvos de operações como a Snow e a Safe Shipping, conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). As investigações apuravam o uso indevido de viaturas oficiais para suposto transporte de entorpecentes entre Ponta Porã e Dourados, embora esta acusação específica não tenha sido comprovada judicialmente.
Em setembro de 2023, os agentes foram presos e, no mês seguinte, tiveram veículos apreendidos. As investigações ganharam força após a apreensão de 538,1 kg de cocaína em uma residência no Bairro Vila Rosa, em Dourados. A droga foi encontrada pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF) em ação desencadeada por denúncia anônima.
A Sejusp não divulgou detalhes específicos sobre as infrações que levaram às demissões, limitando-se a informar que os ex-servidores cometeram falhas no cumprimento de ordens superiores e adotaram conduta inadequada, contrariando os princípios da administração pública. A decisão reforça o compromisso da pasta com a fiscalização rigorosa e a apuração de irregularidades no serviço policial.
A reportagem tentou obter mais informações junto à Sejusp sobre possíveis desdobramentos do caso, mas não recebeu retorno até o fechamento desta matéria. Com a demissão, os ex-agentes perdem definitivamente seus vínculos com a Polícia Civil e ficam impedidos de exercer funções públicas.