Bombeiro aposentado tinha posse legal da arma, mas histórico de violência. Agora, responde por homicídio culposo após filho de 2 anos efetuar disparo acidental que matou a mãe.
Thais Dias
Em Rio Verde de Mato Grosso, a tragédia que chocou o país na última sexta-feira (13) – quando um menino de apenas 2 anos matou acidentalmente a própria mãe com um tiro – revela uma história ainda mais perturbadora sobre o pai da criança, um bombeiro aposentado e produtor rural de 56 anos que já havia sido preso em 2023 por ameaçar um fazendeiro e efetuar disparos com uma espingarda. O caso expõe falhas graves no sistema de controle de armas no Brasil, mesmo para proprietários com registros legais.
Em 2023, durante uma briga por contrato de arrendamento, o homem foi flagrado cometendo uma série de atos violentos: dirigiu de forma perigosa até uma fazenda em sua caminhonete, efetuou disparos para o alto com uma carabina calibre .357 e retornou ao local para ameaçar os moradores. A Polícia Militar o prendeu em flagrante, encontrando-o embriagado e em posse da arma. Apesar da gravidade do ocorrido, ele foi liberado após pagar fiança de R$ 3,9 mil e, posteriormente, fez um acordo com o Ministério Público que resultou na devolução da arma por decisão judicial.
Dois anos depois, outra arma legalizada em seu nome – uma pistola Glock 9 mm – foi deixada ao alcance do filho pequeno, resultando no acidente fatal que tirou a vida da mãe da criança. O caso levanta questões urgentes sobre a eficácia do sistema de controle de armas no Brasil, especialmente quando proprietários com histórico de violência mantêm seus registros.
Apesar de ter posse legal das armas desde 2022, o homem demonstrou repetidas vezes comportamento irresponsável no manuseio e armazenamento dos equipamentos. Agora, ele responde por homicídio culposo e omissão de cautela, mas especialistas alertam que a tragédia poderia ter sido evitada se houvesse maior rigor na fiscalização de proprietários com antecedentes violentos. O caso reacende o debate sobre a necessidade de revisão nos critérios para manutenção de registros de armas no país, mostrando como a posse “legal” não significa necessariamente posse “responsável”.
Enquanto a família e a comunidade lamentam a morte evitável da jovem mãe, o caso serve como alerta sobre os riscos da combinação entre acesso a armas, comportamento violento e falhas no sistema de fiscalização. A tragédia em Rio Verde de Mato Grosso questiona até que ponto a legislação atual é capaz de prevenir que casos semelhantes voltem a acontecer.
Arma pertencente ao pai quando foi preso em 2023.