Ministra Simone Tebet cita guerra e fatores geopolíticos como motivo do atraso; assinatura do contrato deve ocorrer entre dez/2025 e fev/2026
Thais Dias
A retomada das obras da UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) em Três Lagoas, paralisada desde 2015, enfrenta novos ajustes de cronograma devido às turbulências geopolíticas globais. Durante evento no Aeroporto Internacional de Campo Grande, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, anunciou que a licitação para conclusão da obra – inicialmente prevista para este semestre – foi adiada para final de agosto.
O motivo, segundo a ministra, são os impactos da guerra entre Israel e Irã e as incertezas do mercado energético internacional, que pressionam os preços do petróleo e do gás natural, insumos essenciais para a operação da fábrica.
“Eles pediram um prazo maior diante da instabilidade mundial, seja o fator Trump [com tarifas], seja agora em relação a essa lamentável guerra no Oriente Médio, que impacta no preço do petróleo”, explicou Tebet.
Novos prazos e desafios
Com o adiamento da licitação, a assinatura do contrato com a empresa vencedora deve ocorrer entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026, permitindo a retomada das obras até março de 2026. A ministra, porém, fez ressalvas: “Licitação, vocês sabem como começa e nunca sabem como termina. O importante é que o governo federal reconheceu a importância de terminar a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina.”
A UFN3, orçada em R$ 3,5 bilhões, tem capacidade para suprir até 15% da demanda nacional de fertilizantes nitrogenados, reduzindo a dependência de importações. O governador Eduardo Riedel (PSDB) destacou o papel da ministra na articulação com a Petrobras e os impactos estratégicos do projeto:
“Isso gera também investimento em logística, investimento em todo um cluster operacional”, afirmou, reforçando a parceria entre estado e União para garantir a viabilidade econômica do empreendimento.
Competitividade do gás brasileiro
Apesar do avanço nas tratativas, o projeto ainda enfrenta obstáculos, principalmente a disputa de preços do gás natural no mercado internacional. Com previsão de conclusão em 2028, a UFN3 depende de condições comerciais favoráveis para se tornar sustentável – um desafio que o governo federal e a Petrobras ainda buscam equacionar.