Governador do MS afirma que país precisa de reformas estruturais, não de aumento de tributos, e mantém menor ICMS do Brasil
Thais Dias
O governador Eduardo Riedel (PSDB) manifestou duras críticas à decisão do Governo Federal de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), classificando a medida como um caminho equivocado para o equilíbrio das contas públicas. Em entrevista à revista Veja, o tucano utilizou Mato Grosso do Sul como exemplo de gestão fiscal responsável sem aumento da carga tributária, destacando que o estado mantém a menor alíquota de ICMS do país, fixada em 17%, mesmo diante da reforma tributária que prejudica estados baseados no consumo.
Riedel foi enfático ao afirmar que o Brasil precisa priorizar reformas estruturais em vez de recorrer a aumentos de impostos. Ele argumentou que o país vem há anos buscando soluções para seus problemas fiscais através da elevação de tributos, uma prática que, em sua avaliação, já não tem mais espaço. O governador defendeu uma agenda focada na reestruturação e qualidade do gasto público, criticando a falta de iniciativas nesse sentido por parte do governo federal.
O decreto que aumenta o IOF está sendo analisado em regime de urgência na Câmara dos Deputados, onde parlamentares buscam barrar o reajuste. O governo havia anunciado a medida em maio, mas recuou parcialmente após forte pressão do setor produtivo e de congressistas. A nova versão reduziu a alíquota fixa sobre empréstimos de 0,95% para 0,38%, mas manteve a cobrança diária em 0,0082%, o dobro da taxa anterior. As mudanças também afetam investimentos em VGBL, que passarão a ter tributação sobre valores acima de R$ 600 mil a partir de 2026, com limite de R$ 300 mil até lá.
Apesar das críticas à política econômica do governo Lula, Riedel destacou que mantém uma relação produtiva com a esfera federal, participando ativamente de agendas importantes para Mato Grosso do Sul. Ele citou como exemplos positivos de colaboração as obras de reforma em três aeroportos do estado, a assinatura de contratos do programa Minha Casa, Minha Vida, e a participação no Fórum Participativo “Diálogos para Construção da Estratégia Brasil 2050”. O governador também mencionou projetos estratégicos em andamento, como as obras da Rota Bioceânica, o anel viário de Três Lagoas e a Rota da Celulose, ressaltando que prioriza as necessidades da população acima de questões partidárias.
Enquanto o governo federal busca alternativas para ajustar as contas públicas, a discussão sobre o IOF deve se intensificar no Congresso. Riedel, por sua vez, consolida seu discurso em favor da eficiência fiscal, posicionando-se como uma voz crítica dentro do PSDB no debate nacional sobre reformas tributárias e gestão de gastos públicos. A votação do decreto na Câmara será um importante termômetro da resistência ao aumento de impostos, enquanto governadores como Riedel pressionam por um modelo alternativo baseado em contenção de despesas e aprimoramento da gestão pública.