Após fim de disputa bilionária, Eldorado e Suzano fecham parceria inovadora em MS

Parceria estratégica ocorre meses após J&F assumir controle total da Eldorado e destravar investimento de R$ 28 bi em nova fábrica

Thais Dias

Em um movimento estratégico no setor de celulose, as concorrentes Suzano e Eldorado Brasil fecharam um inédito acordo de permuta de “madeira em pé” – árvores ainda não cortadas – em Mato Grosso do Sul. O contrato, revelado pelo jornal O Globo, permite que ambas acessem volumes específicos de madeira em florestas uma da outra, seguindo um cronograma pré-estabelecido, exclusivamente para produção de celulose.

O modelo, conhecido como swap florestal, não envolve transferência de propriedade ou arrendamento de terras, mas sim o direito de usufruto dos ativos. A medida visa garantir que a madeira seja direcionada apenas para a fabricação de celulose, sem comercialização de excedentes no mercado externo.
O acordo ocorre meses após a conclusão do acionário da Eldorado pela J&F, holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista. Em abril, o grupo adquiriu por R$ 15 bilhões à vista os 49,5% que pertenciam à Paper Excellence, do bilionário Jackson Wijaya, encerrando uma disputa judicial de oito anos pelo controle da empresa.

Com a pacificação acionária, a Eldorado destravou um investimento de US$ 5 bilhões (R$ 28 bilhões) para construir sua segunda linha de produção em Três Lagoas. A nova unidade deve ampliar a capacidade em 2,5 milhões de toneladas anuais, somando-se às atuais 2 milhões de toneladas (acima da capacidade nominal de 1,9 milhão).

MS consolida liderança florestal

Dados da Secretaria de Meio Ambiente (Semadesc) mostram que MS registrou em 2023 o maior crescimento do Brasil em área de florestas plantadas (+15%). O estado já é o segundo do país em extensão de florestas cultivadas (1,5 milhão de hectares), com 98% de eucalipto voltado à celulose.

Com seis fábricas confirmadas no estado – incluindo os megaprojetos da Suzano (R$ 23 bi) e Eldorado –, o setor consolida MS como o “Celeiro da Celulose” do país. Especialistas apontam que acordos como o swap reforçam a eficiência logística e sustentabilidade na cadeia produtiva.

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Edição 255