Decisão histórica da Antaq protege concorrência e impede monopólio em rota estratégica que movimenta minério do Centro-Oeste
Thais Dias
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) deu um duro golpe nos irmãos Joesley e Wesley Batista ao barrar sua mineradora LHG Mining da disputa inicial pelo maior projeto hidroviário do país. A decisão, que pegou o mercado de surpresa, impede o grupo J&F de participar da primeira fase do leilão da Hidrovia do Rio Paraguai – um contrato que pode valer R$ 404 milhões e durar até 70 anos.
O motivo? A LHG Mining já controla sozinha 84,9% de todo o transporte de minério no trecho entre Corumbá (MS) e Porto Murtinho. Segundo a Antaq, deixar a empresa dos Batista concorrer seria como “entregar a chave do galinheiro para a raposa”. A mineradora só poderá entrar na disputa se nenhuma outra companhia se interessar pelo negócio na primeira fase.
A medida revela uma virada na política de concessões do governo, que agora prioriza evitar monopólios em infraestrutura estratégica. O trecho concedido é vital para escoar a produção de minério do Centro-Oeste, com potencial para movimentar 30 milhões de toneladas por ano – três vezes mais que o atual.
Os Batista, que já enfrentaram problemas com a Justiça no passado, agora veem seu império logístico sofrer um revés. A J&F terá que esperar na fila enquanto outras empresas terão preferência para explorar esta “rodovia fluvial” que liga Brasil, Bolívia e Paraguai.
O leilão, marcado para dezembro, promete acirrada disputa entre grupos nacionais e estrangeiros. Enquanto isso, os irmãos mais polêmicos do agronegócio brasileiro terão que se contentar em assistir de longe – pelo menos por enquanto – a esta que pode ser a concessão mais lucrativa do transporte hidroviário na próxima década.
Foto: Divulgação/LHG Mining