Trump poupa celulose de MS e mantém EUA como principal comprador

Decisão preserva US$ 74,8 milhões em vendas só em 2024; secretário afirma que investimentos estão garantidos

Thais Dias

O setor de celulose de Mato Grosso do Sul foi um dos que ficaram de fora do pacote de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump nesta quarta-feira (30). A isenção é uma boa notícia para o estado, que no ano passado exportou US$ 213 milhões em celulose para os Estados Unidos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Nos primeiros seis meses de 2024, as vendas do produto para o mercado americano já somam US$ 74,8 milhões. Com a decisão de Trump, os embarques continuarão sem a taxação adicional, mantendo a competitividade do produto sul-mato-grossense.

O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que os projetos de expansão e investimentos no setor seguem conforme o planejado. “Em nenhum momento houve sinalização, por parte das empresas instaladas em Mato Grosso do Sul, de uma eventual descontinuidade dos investimentos”, disse Verruck em entrevista.

Segundo o secretário, reuniões realizadas após o anúncio das tarifas confirmaram que o setor manterá o ritmo de trabalho. Com isso, a preocupação inicial sobre possíveis impactos logísticos e custos adicionais foi descartada.

O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de celulose, com a China, países da Europa e os Estados Unidos como principais clientes. Em 2023, o setor enfrentou desafios com a queda de preços no mercado internacional, causada por excesso de oferta e desaquecimento global. Apesar disso, Mato Grosso do Sul manteve sua liderança no ranking nacional de exportação do produto, com destaque para a atuação da Suzano e da Eldorado Brasil.

Além da celulose, outros setores importantes para a economia do estado também escaparam da tarifação, como mineração e citricultura. O ferro-gusa, que representa 90% da produção em Corumbá, Ribas do Rio Pardo e Aquidauana, continua com acesso livre ao mercado americano. O produto é essencial para a indústria siderúrgica dos EUA.

Já a citricultura, que vem ganhando espaço em Mato Grosso do Sul, também foi poupada. O setor, que ocupa atualmente 25 mil hectares no estado, teria seus investimentos e expansão impactados caso as tarifas fossem aplicadas. O Brasil é responsável por três em cada cinco copos de suco de laranja consumidos no mundo, sendo os Estados Unidos seu principal mercado.

A decisão de Trump representa um alívio para esses setores estratégicos da economia sul-mato-grossense, que agora podem seguir com seus planos de crescimento sem a ameaça de custos adicionais nas exportações para um de seus principais mercados. O governo do estado continuará acompanhando o cenário internacional para garantir a competitividade dos produtos locais.

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Edição 255