Processo licitatório ganha novo capítulo após desclassificação do Consórcio K&G devido a vícios documentais; Caminhos da Celulose, liderado pela XP, deve assumir concessão.
Thais Dias
A disputa pela concessão da Rota da Celulose, um dos principais sistemas rodoviários do Mato Grosso do Sul, com 870 quilômetros conectando polos logísticos estratégicos, teve uma reviravolta nesta terça-feira (5). A Comissão Especial de Licitação (CEL) do governo estadual declarou inabilitado o Consórcio K&G Rota da Celulose, vencedor do leilão realizado em maio, e convocou o Consórcio Caminhos da Celulose, segundo colocado, para dar continuidade ao processo.
A decisão foi baseada em “vícios identificados na documentação” apresentada pelo K&G, conforme comunicado oficial. O caso ganhou força após recurso administrativo do Caminhos da Celulose, liderado pela XP Investimentos, que questionou a qualificação do consórcio vencedor após a caducidade da concessão da BR-393 (Rodovia do Aço, RJ), administrada pela K-Infra, uma das empresas do grupo desclassificado.
Oferta original e queda do K&G
Em 8 de maio, o Consórcio K&G (formado por K-Infra Concessões e Galápagos Participações) venceu a licitação ao oferecer 9% de desconto na tarifa máxima de pedágio, com investimentos de R$ 217,3 milhões em um contrato de 30 anos. A proposta superou as dos consórcios Rotas do Brasil (5%), Caminhos da Celulose (8%) e BTG Pactual (4%).
No entanto, em 3 de junho, a K-Infra perdeu a concessão da BR-393 por decisão do Governo Federal, devido a descumprimentos contratuais graves, inadimplência e falhas na manutenção. A perda desse ativo enfraqueceu a comprovação técnica do K&G, levantando dúvidas sobre sua capacidade de gerir a Rota da Celulose, que exige R$ 6,9 bilhões em investimentos (incluindo duplicações e custos operacionais de R$ 3,2 bi).
Com a inabilitação oficializada, a CEL convocou o Consórcio Caminhos da Celulose para apresentar, no dia 13 de agosto, o Envelope 03 – Documentos de Habilitação, etapa que pode confirmá-lo como novo vencedor. A sessão ocorrerá na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), entre 14h e 16h.
O edital também abre prazo de três dias úteis para recursos contra a decisão. Se não houver mudanças, o Caminhos da Celulose assumirá a concessão, com oferta de 8% de desconto no pedágio e aporte de R$ 195,6 milhões. O projeto abrange trechos das rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395, além das federais BR-262 e BR-267.
Impacto na logística do MS
A Rota da Celulose é vital para o escoamento da produção de papel, celulose e grãos do estado, integrando-se a corredores como a Ferrogrão e o Arco Norte. A indefinição na concessão preocupa o setor, que aguarda avanços para garantir melhorias na infraestrutura.
Agora, os olhos se voltam para a B3 no dia 13, quando o futuro da concessão deve ser definido.