Reinaldo Azambuja anuncia ida ao PL e redefine cenário político de MS em ano eleitoral

Ex-governador busca blindar reeleição de Eduardo Riedel e conter extremismo, mas deputados tucanos resistem a seguir seu caminho e articulam federação com MDB e Republicanos.

Thais Dias

O anúncio do ex-governador Reinaldo Azambuja sobre sua filiação ao PL, honrando compromissos com Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, sacudiu o tabuleiro político de Mato Grosso do Sul nesta semana. O movimento tem um objetivo claro: garantir a reeleição tranquila do governador Eduardo Riedel (PSDB) em 2026, evitando que o bolsonarismo radicalize o debate e lance um nome competitivo contra o atual chefe do Executivo.

No entanto, a decisão de Azambuja também jogou luz sobre o futuro do PSDB no estado, último reduto tucano com um governador na cúpula. Os três deputados federais do partido – Dagoberto Nogueira, Geraldo Resende e Beto Pereira – já deixaram claro que não seguirão o ex-governador no PL e buscam uma alternativa para manter influência, possivelmente através de uma federação com MDB e Republicanos.

O plano de Azambuja: conter o bolsonarismo e proteger Riedel

A estratégia de Azambuja ao migrar para o PL é neutralizar riscos que possam surgir da ala mais radical do bolsonarismo, como um possível apoio de Bolsonaro a um outsider contra Riedel. Em 2022, o então candidato Capitão Contar (PL) quase venceu o atual governador no segundo turno, impulsionado pelo apoio do ex-presidente em um debate televisionado.

Com carta branca de Valdemar Costa Neto, Azambuja assume a missão de “enquadrar” resistências internas, como o deputado Marcos Pollon, e manter o PL alinhado à base governista. Apesar de Bolsonaro estar em prisão domiciliar, sua influência no estado ainda pesa, e a decisão de Azambuja foi acelerada por pressões do núcleo nacional do partido.

Enquanto Azambuja se prepara para desembarcar no PL, os deputados federais tucanos buscam um caminho diferente. Geraldo Resende foi enfático:

“É uma decisão do Reinaldo. Ele nos avisou, mas nós não temos nada a ver com o PL. Estamos em campos antagônicos na visão política.”

Dagoberto Nogueira aposta em uma federação entre PSDB, MDB e Republicanos como alternativa para garantir tempo de TV e fundo partidário:

“Se fechar a federação, fico no PSDB porque, junto com MDB e Republicanos, teremos estrutura. Se der certo, nós três ficamos.”

Beto Pereira, por sua vez, afirma que não há pressa para definir posições, já que a janela partidária só se abre em 2026:

“Vou esperar até março ou abril do ano que vem. Tem muita coisa por acontecer até lá.”

O futuro do PSDB-MS e a possível migração de Riedel

Com Azambuja deixando o PSDB e os deputados federais avaliando alternativas, o partido vive seu maior desafio desde a redemocratização em MS. Eduardo Riedel, que hoje ocupa a cúpula tucana no estado, deve seguir para o PP, onde já estão a senadora Tereza Cristina e o deputado Dr. Luiz Ovando.

A dúvida agora é o destino dos 247 vereadores e 44 prefeitos tucanos, que tendem a se dividir entre os grupos de Azambuja (PL) e Riedel (PP). Enquanto isso, os três deputados federais trabalham para manter a coalizão que sustenta o governo, incluindo o apoio do PT, que, segundo expectativas, não lançará candidato próprio em 2026.

O jogo continua

A decisão de Azambuja reforça que, em MS, a política é feita de alianças pragmáticas, não de ideologias rígidas. Seu desembarque no PL pode estabilizar o cenário para Riedel, mas também esvazia o PSDB, deixando os tucanos estaduais em uma encruzilhada.

Enquanto isso, os três deputados federais articulam para não ficarem órfãos de legenda, buscando uma federação que mantenha sua relevância. O próximo capítulo desse jogo deve ser escrito nos próximos meses, quando Riedel oficializar sua mudança partidária e os tucanos definirem se ficam ou se dispersam.

Uma coisa é certa: em 2026, o Mato Grosso do Sul terá uma das eleições mais estratégicas do país, e Reinaldo Azambuja, de dentro do PL, será peça-chave no tabuleiro.

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Edição 255