Caso Pollon: debate sobre autismo e política ganha força após invasão da Mesa Diretora

Corregedoria analisa conduta de parlamentares após motim que paralisou a Casa por 40 horas

 

Thais Dias

 O deputado Diego Coronel (PSD-BA), corregedor da Câmara dos Deputados, notificou nesta quarta-feira (14) o deputado Marcos Pollon (PL-MS) e outros 13 parlamentares envolvidos na invasão da Mesa Diretora na semana passada. O ato, considerado um motim, atrasou em quase 40 horas a reabertura dos trabalhos legislativos após o recesso.

Pollon foi o último a deixar a Mesa, sentado ao lado da cadeira do presidente Hugo Motta (União-PB), e resistiu a pedidos de colegas para se retirar. Em sua defesa, o parlamentar afirmou que não compreendeu as ordens devido ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), diagnóstico que divulgou em 2023. O argumento gerou debates acalorados nas redes sociais, dividindo opiniões entre críticos e defensores.

As imagens da TV Câmara mostram Pollon insistindo: “Eu não entendi. Não vou sair”, enquanto outros deputados desocupavam o local. Ele negou ter sido influenciado pelo deputado Marcelo Van Hattem (Novo-RS), que chegou a sussurrar em seu ouvido durante o protesto.

Os notificados têm quatro dias para apresentar defesa. A Corregedoria analisará cada caso individualmente, com base nas imagens do plenário, que servirão como prova. As punições podem variar de advertência até perda do mandato por quebra de decoro – medida rara, que exigiria aprovação do plenário.

Se Pollon mantiver o TEA como justificativa, uma junta médica da Câmara será acionada para avaliar sua condição. Será a primeira vez que o departamento médico da Casa analisará esse tipo de alegação envolvendo um parlamentar.

Em casos anteriores, como o do deputado Gilvan da Federal (PL-ES), que insultou a ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) e desejou a morte do presidente Lula, a punição foi suspensão por três meses, com perda de salários.

Coronel afirmou que garantirá ampla defesa aos acusados e promete entregar o relatório em até uma semana após as alegações. O prazo legal é de 45 dias.

Repercussão e Silêncio de Pollon

Procurado, o deputado não concedeu entrevista, mas sua assessoria destacou que ele sofre “ataques capacitistas” desde que revelou o diagnóstico. Em publicações nas redes, Pollon disse: “Quando decidi tornar público meu TEA, sabia que enfrentaria preconceito. Distorceram minhas palavras para desmerecer meu trabalho”.

Enquanto a Corregedoria avança no processo, o caso reacende discussões sobre inclusão, saúde mental e limites da atuação política no Congresso.

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Edição 256