Taxa de assassinatos de mulheres no estado mais que dobra a média nacional; novas delegacias e aplicativo de emergência são algumas das medidas anunciadas
Thais Dias
Os números da violência contra a mulher em Mato Grosso do Sul atingiram níveis alarmantes em 2025. Nos primeiros oito meses do ano, o estado registrou 22 feminicídios – o maior índice dos últimos três anos para o período – e 12.819 casos de violência doméstica, segundo dados oficiais da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública. Com taxa de 2,39 mortes por 100 mil mulheres, MS ocupa o segundo lugar no ranking nacional desse crime hediondo, mais que dobrando a média brasileira de 1,34.
O governo estadual atribui parte dos números elevados à política de transparência na divulgação dos casos. “Não escondemos dados. Temos ampliado os canais de denúncia, mas sabemos que muitas vítimas ainda não conseguem acessá-los”, afirmou o secretário Antônio Carlos Videira. Ele destacou ações como a capacitação de conselheiros comunitários, especialmente em áreas indígenas e periféricas, onde os índices de violência são mais altos.
Em resposta à crise, o governo anunciou um pacote de medidas que inclui a inauguração de nova Delegacia da Mulher em Campo Grande, a implementação de inteligência artificial para agilizar processos, a criação de um boletim de ocorrência virtual e um aplicativo de emergência com geolocalização. O governador em exercício José Carlos Barbosa ressaltou que o combate efetivo exige mudança cultural: “Precisamos educar as novas gerações para romper com o machismo estrutural”, declarou.
O caso da jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio em fevereiro, tornou-se símbolo da luta contra a violência de gênero no estado. “Esse crime chocou a todos e acelerou nossas ações”, disse o procurador Izonildo Gonçalves, ao apresentar o programa Alerta Lilás, que monitora agressores reincidentes. Apesar dos avanços institucionais, especialistas alertam que os números continuam inaceitáveis e exigem ações mais contundentes de prevenção e proteção às mulheres em situação de risco.