A ida do ex-deputado federal Fábio Trad para o Partido dos Trabalhadores pode distanciar ainda mais os irmãos de alianças políticas. O caçula do trio composto por Nelson Trad Filho (PSD) e Marcos Marcello Trad (PDT), deve oficializar sua filiação no dia 30 deste mês e ir na contramão do primogênito.
“O que eu posso fazer se eles se afastaram do campo que foram forjados? Eu acho que a população vai saber entender as diferenças de cada um”, disse o senador Nelsinho Trad, que atualmente está filiado no PSD e apoia a reeleição do governador Eduardo Riedel (PP).
Nelsinho afirma que seu partido representa o centro, tendo membros de direita e esquerda, com pensamentos moderados, ao contrário do Partido dos Trabalhadores, agremiação declarada de esquerda. “Essa polarização está sendo tóxica para o Brasil, essa bolha que se criou acaba impedindo de brotar novas lideranças. Só se fala nessa dupla (Lula e Bolsonaro)”, diz Nelsinho.
O senador foi eleito em 2018 com o apoio do então governador Reinaldo Azambuja e também esteve ao lado de Riedel em 2022. “Estou trabalhando mantendo a coerência do grupo que ajudei a eleger. E eles me ajudaram a ser senador, não estou inventando a roda”, ressalta. Sobre a relação com os irmãos, Nelsinho afirma que “assunto para discutir não falta”, mas o respeito e a harmonia prevalecem.
Ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos ressalta que não deve estar no mesmo palanque que o irmão mais velho e agora os almoços de família são entre ele e Fábio, que seguem a mesma linha ideológica.
Marquinhos não critica a opção do caçula em se filiar ao PT. “Uma decisão muito pessoal. O que as pessoas não entendem é que nós fomos criados com o livre arbítrio e conhecimento da ciência política e que cada um seguissem o seu conteúdo ideológico”.
Não é a primeira vez que os Trad devem seguir rumos diferentes. Na última eleição para à Prefeitura de Campo Grande, Marquinhos apoiou a candidata Rose Modesto (União Brasil) e Nelsinho esteve ao lado de Beto Pereira (PSDB) no primeiro turno e Adriane Lopes (PP) no segundo. As divergências políticas se estendem ao sobrinho e vereador Otávio Trad (PSD).
“O Otávio é vice-líder da prefeita Adriane e eu sou oposição a esta gestão. O respeito permanece, mas agora ele está bravo porque ele é Santos e eu sou Vasco”, brincou Marquinhos.
Civilizados
Pré-candidato a deputado federal, Fábio disse que tem uma relação civilizada com a família e nos encontros e reuniões o que prevalece é a conversa. Sobre a situação do PSD, partido que foi filiado por dez anos, ele afirma que não tem visto uma identidade.
“A principal razão é que não existe mais o centro. Ou é a favor de um lado ou de outro. Como será meio termo a favor do golpe? Eu sou contra o golpe. Tem que ser a favor ou contra o Trump e eu sou contra Trump e ao Eduardo Bolsonaro. Em termos de partido político sólido, quem representa o que penso é o PT. O PSD está sem uma identidade nesta polarização”, disse Fábio Trad.
Mesmo sendo contrário ao irmão Nelson, Fábio afirma que não há desentendimento pessoal ou afetivo, mas garante que não estará no mesmo palanque. “Quando o Riedel foi para o segundo turno com o Capitão Contar eu deixei bem claro que não votaria em nenhum deles”, afirma.