Deputado de MS nomeia assessor com mandado de prisão

Dagoberto Nogueira (PSDB) exonerou servidor após reportagem revelar dívida com pensão; caso expõe falha na fiscalização de comissionados na Câmara

 

O deputado federal sul-mato-grossense Dagoberto Nogueira (PSDB) nomeou para seu gabinete na Câmara dos Deputados um assessor com mandado de prisão em aberto por inadimplência de pensão alimentícia. O arquiteto Leonardo Scardini, especialista em infraestrutura e gestão de obras, atuava como secretário parlamentar com salário bruto de R$ 5.200,78 e foi exonerado na última segunda-feira (18), após a revelação pública do mandado.

A contratação foi identificada pelo jornal Estadão, que cruzou dados dos mais de 11 mil servidores comissionados da Câmara com o Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), que contabiliza over 250 mil ordens de prisão pendentes. Scardini era um dos três funcionários com mandados ativos encontrados na investigação, que incluiu gabinetes de 187 deputados.

O mandado contra Scardini foi expedido em 30 de maio de 2023 pela 2ª Vara de Família e Sucessões de Campo Grande, por atrasos no pagamento de pensão alimentícia. No cargo, ele recebia líquido R$ 4.289,38 mensais, além de R$ 1.784,42 em auxílios.

Procurado, o deputado Dagoberto Nogueira afirmou que determinou a “imediata exoneração” ao tomar ciência dos fatos e reafirmou seu “compromisso com a defesa das mulheres”. No entanto, evitou comentar detalhes sobre o processo de contratação ou a fiscalização da situação judicial de seus assessores. Scardini não se manifestou.

O caso ilustra a falta de integração entre órgãos públicos, que permite que pessoas com pendências judiciais ocupem cargos estatais. A Câmara dos Deputados admitiu não haver verificação sistemática de mandados de prisão ou antecedentes criminais na nomeação de comissionados, limitando-se a uma declaração firmada pelo próprio indicado.

Além do gabinete de MS, deputados do Maranhão e Paraná também empregavam funcionários com ordens de prisão em aberto. Do total de comissionados com mandados identificados, 94 não tiveram seus comprovantes de regularidade enviados pelos parlamentares após a consulta jornalística, sugerindo que o número real possa ser superior.

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Edição 257