Operação no RJ prende deputado que usava loja rubro-negra em MS para lavar dinheiro do crime

‘TH Joias’ é suspeito de articular negócios de armas e drogas para facções. Ministério Público fluminense identificou que unidade do Flamengo em Campo Grande servia para esquentar dinheiro do tráfico

 

O deputado estadual do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como “TH Joias”, foi preso na manhã desta quarta-feira (3) durante uma operação deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). A ação, que conta com a Polícia Federal, visa combater o tráfico de drogas e armas e desarticular uma organização criminosa ligada à cúpula do Comando Vermelho (CV).

De acordo com as investigações, o parlamentar é suspeito de atuar em favor de duas facções rivais, o CV e o Terceiro Comando Puro (TCP), como articulador de negociações de armamento de guerra, drones e drogas. A operação revelou um esquema de corrupção que envolve chefes do tráfico, agentes políticos e públicos.

O procurador-geral de Justiça do RJ, Antônio José Campos Moreira, afirmou que o deputado usava uma loja do Flamengo para lavar o dinheiro do crime. Embora o estabelecimento comercial não esteja em seu nome, há indícios concretos de sua utilização para esse fim. “O volume de dinheiro que circula declaradamente por ali é incompatível com o que a loja venderia”, explicou o procurador durante entrevista.

TH Joias foi preso na casa de um amigo em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. A operação cumpriu mandados de busca e apreensão e de prisão temporária. As investigações apontam que o deputado movimentou aproximadamente R$ 9 milhões nos últimos três anos apenas em negociações com Luciano Martiniano da Silva, o “Pezão”, apontado como chefe do CV no Complexo do Alemão. Entre os negócios está a venda de dois fuzis no valor de R$ 120 mil para traficantes em 2024.

A investigação também revelou que o deputado usou seu gabinete na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para empregar mulheres de traficantes. O objetivo, segundo o MPRJ, era “melhorar a imagem” delas para criar um álibi em caso de abordagem policial. Entre as funcionárias estava Fernanda Ferreira Castro, esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o “Índio do Lixão”, preso na mesma operação e suspeito de chefiar o tráfico na favela do Lixão, em Duque de Caxias. Ela trabalhou por oito meses na Alerj.

A operação tem como alvos outros agentes públicos, incluindo o ex-secretário municipal e estadual Alessandro Pitombeira Carracena, o delegado da PF Gustavo Steel, e os policiais militares Alexandre Marques dos Santos, Kleber Ferreira da Silva, Rodrigo Costa Oliveira, Wallace Menezes Varges Tobias e Wesley Ferreira da Silva, que atuavam como seguranças do deputado.

TH Joias, que ficou conhecido por ter suas joias usadas por jogadores de futebol e cantores, já possui condenação anterior. Em 2017, ele foi condenado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. O deputado deve passar por audiência de custódia para verificar a legalidade de sua prisão. As investigações continuam em sigilo.

Compartilhe nas Redes Sociais

Banca Digital

Edição 258