Milhares vão à Paulista neste 7 de Setembro pedir saída de Moraes e anistia a Bolsonaro

A manifestação da direita brasileira em São Paulo pela anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos presos de 8 de janeiro e contra a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes reuniu milhares de pessoas na Avenida Paulista neste 7 de setembro, dia da Independência do Brasil.

A concentração começou no início da tarde, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Sem a presença de Bolsonaro, impedido de comparecer por estar em prisão domiciliar, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) ganhou protagonismo no evento.

Também participaram a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).

Um dos primeiros a discursar, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder de seu partido na Câmara, defendeu o impeachment de Moraes, acusando-o de cometer crimes.

“Alexandre de Moraes, você é um violador de direitos humanos e comete crime no Brasil reiteradamente. Por mais que Vossa Excelência queira condenar o nosso eterno presidente Bolsonaro, Alexandre de Moraes, esta é a voz da Paulista: ‘Fora Moraes!'”, disse.

“Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, já tem 41 assinaturas. Falta o impeachment desse ministro para que ele seja afastado o quanto antes possível da Suprema Corte do Brasil”, acrescentou.

Dallagnol: “Que justiça confisca caderno de orações de um pastor?”

O ex-procurador da Lava-Jato e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR) criticou Moraes por, segundo ele, perseguir Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia. “Eles dizem que é por justiça. Perseguir Bolsonaro é justiça? Perseguir Silas Malafaia é justiça?”, questionou.

“No tempo da Lava Jato, a gente ia pegar o dinheiro dos corruptos. Hoje, eles vão pegar o caderno de orações de um pastor. Isso é justiça? Cassar direitos políticos dos políticos da direita é justiça? Colocar Lula, tirar Bolsonaro é a justiça? Rasgar a Constituição e a lei é a justiça? O Brasil quer justiça! Por isso, o Brasil quer impeachment constitucional do ministro Alexandre de Moraes”, afirmou.

Organizador da manifestação, o pastor Silas Malafaia, que também é alvo de inquérito por ordem de Alexandre de Moraes, disse que ao confiscar seu passaporte e cadernos de anotações bíblicas o ministro pratica perseguição religiosa e política sem precedentes na história brasileira.

“Eu sou um conferencista internacional, tenho agenda no exterior e não posso sair. Então, ele impede o livre exercício de minha função, ele pratica perseguição religiosa. Esse é o modus operandi de Alexandre de Moraes. Colocar medo, calar a boca e travar seus opositores. A primeira coisa que ele faz é dizer que o inquérito é sigiloso. Se eu abrir a boca sobre o inquérito, eu sou preso”, relatou. Por outro lado, sublinhou Malafaia, o próprio Moraes vazou conversas de telefone “para denegrir minha imagem diante da opinião pública brasileira e evangélica”.

O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) disse haver perseguição religiosa no país. “Pastor Silas, que honra saber que o senhor finalmente virou alvo dessa turma, até que enfim, criaram coragem. Só que eles sabem que o tiro saiu pela culatra”, disse o parlamentar, que também é pastor.

“Todas as vezes que a esquerda, o socialismo, toma conta, eles atrapalham e tocam no moral das pessoas. E quem se insurge contra isso? A religião, um líder religioso. Estão tentando colar a pecha que não há perseguição religiosa. Há perseguição religiosa? Sim! Estão tentando, mas deram, como eu disse, um tiro pela culatra. Saiu. Nós não nos calaremos”, disparou Feliciano.

O evento teve ainda a participação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que afirmou em seu discurso que o ex-presidente “não irá desistir”. “Não têm sido dias fáceis. Estou tendo que me desdobrar como mãe, esposa, presidente do PL e antes de tudo como amiga, para poder cuidar dele, para que ele fique bem” afirmou aos manifestantes reunidos na avenida Paulista.

“Cuido da alimentação, oro, trago a memória dele, que é o maior líder da direita de uma nação, e que hoje, se temos esse exército de homens e mulheres de bem nas ruas, defendendo a verdadeira democracia, é porque Deus levantou ele dessa nação”, completou a ex-primeira-dama.

Manifestantes pressionam Alcolumbre por impeachment de Moraes e Motta por anistia

Na Avenida Paulista, participantes do ato levaram faixas pedindo que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque em votação o projeto de anistia e que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), dê andamento ao processo de impeachment de Moraes.

“Presidente da Câmara nenhum pode conter a vontade da maioria do plenário. Pode conter a vontade de mais de 350 parlamentares. Então, Hugo, paute a anistia. Deixa a Câmara decidir. E eu tenho certeza que ele vai fazer isso, porque trazer a anistia para a pauta é trazer a justiça, é resgatar o país. Não podemos nos afastar do Império da Lei”, disse o governador Tarcísio de Freitas.

Uma enorme bandeira dos Estados Unidos foi carregada por alguns dos manifestantes. O presidente daquele país, Donald Trump, já declarou que considera as acusações contra Bolsonaro uma “caça às bruxas” e incluiu Moraes na lista de Lei Magnitsky como forma interferir no julgamento do ex-presidente. Diversos manifestantes carregam ainda bandeiras de Israel.
Manifestantes carregam bandeiras dos Estados Unidos e de Israel em meio às do Brasil na manifestação de 7 de setembro na Av. Paulista
Manifestantes carregam bandeiras dos Estados Unidos e de Israel em meio às do Brasil
na manifestação de 7 de setembro na Av. Paulista (Foto: Sebastião Moreira/EFE)

 

O partido Novo levou à manifestação ainda um boneco inflável do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com roupa de presidiário e, ao lado, um batom e um ovo inflável com a inscrição, em vermelho, da frase “Perdeu, mané”.

Os objetos fazem referência à condenação da cabeleireira Débora Rodrigues, presa por escrever com um batom a frase na estátua da Justiça, em frente ao STF, e a Moraes, que é apelidado de “cabeça de ovo” por opositores.

Data tradicional para a mobilização da direita, o 7 de setembro deste ano ocorre em meio a um cenário político que inclui o julgamento de Bolsonaro no STF, denúncias contra Moraes reveladas pelo ex-assessor Eduardo Tagliaferro, a CPMI do INSS, e as tentativas da oposição de avançar com a pauta da anistia no Congresso.

Em Brasília, milhares de manifestantes se reúnem no estacionamento da Funarte desde as 9h deste 7 de setembro; atos estão programados para quase 100 cidades do Brasil e do exterior
Em Brasília, milhares de manifestantes se reúnem no estacionamento da Funarte desde
as 9h deste 7 de setembro; atos estão programados para quase 100 cidades do Brasil e
do exterior (Foto: Aline Rechmann/Gazeta do Povo)
Com Gazeta do Povo
Foto: Sebastião Moreira/EFE

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Edição 259