Jovem de 18 anos, grávida de quase quatro meses, sofre complicações após ingerir medicamento abortivo; namorado de 19 anos confessou ter enterrado o feto em mata
Um caso de aborto provocado de forma clandestina comoveu e chocou a população de Três Lagoas na tarde desta terça-feira (16). Uma jovem de 18 anos, grávida de três meses e caminhando para o quarto mês de gestação, provocou a interrupção da gravidez com a ajuda do namorado, de 19 anos. O motivo alegado pelo casal foi a falta de condições financeiras para criar a criança.
A situação veio à tona quando a jovem deu entrada no Hospital Auxiliadora apresentando sérias complicações de saúde após ingerir um medicamento abortivo, adquirido pelo namorado pela internet. A equipe médica, ao perceber a natureza do caso, acionou imediatamente a assistência social, o Conselho Tutelar e a Polícia Militar.
Durante os depoimentos à polícia e aos conselheiros tutelares, o jovem assumiu a autoria do fato. Ele confessou ter enterrado o feto em uma área de mata localizada no Distilrito Industrial da cidade. Graças às suas indicações, o local foi encontrado pelas autoridades. O casal, conforme relatos das autoridades presentes, manteve uma postura fria e distante ao narrar os acontecimentos, e afirmou que nenhum familiar de ambos tinha conhecimento da gravidez.
Os dois foram presos em flagrante e estão à disposição da Justiça. Eles responderão pelos crimes de aborto provocado com consentimento (no caso da jovem, por ter concordado com o procedimento), aborto provocado sem consentimento (no caso do namorado, por ter fornecido o meio para a interrupção) e destruição, subtração ou ocultação de cadáver.
O caso reacende o debate sobre os riscos do aborto clandestino no Brasil, prática que coloca em risco a vida das mulheres e é crime, com exceções previstas em lei (estupro, risco de vida para a mãe ou anencefalia fetal). A polícia segue investigando a origem do medicamento utilizado e se houve envolvimento de outras pessoas.