Curta treslagoense “Ponto Final” ultrapassa fronteiras e é exibido em Salvador e Cuiabá

Com orçamento de apenas R$ 25 mil, produção idealizada por Cadu Xavier supera limitações e inicia carreira vitoriosa em festivais, com exibições confirmadas na Bahia e Mato Grosso

 

Escrever, dirigir e atuar. Para muitos, cada uma dessas funções já é um desafio por si só. Juntar as três em uma única produção, então, parece uma missão hercúlea. Mas para Cadu Xavier, criador do curta-metragem treslagoense “Ponto Final”, essa experiência foi uma “verdadeira alegria cheia de desafios” – todos superados com muita luta e significado.

A jornada por trás das câmeras foi tão intensa quanto a narrativa na tela. O primeiro obstáculo foi o financeiro: o filme foi produzido com apenas R$ 25 mil, recursos provenientes da Lei Paulo Gustavo, e envolveu cerca de 50 pessoas entre equipe, figuração e elenco. O cenário escolhido acrescentava outro grau de dificuldade: uma cidade do interior do interior do Brasil, longe dos grandes eixos de produção audiovisual.

“Ser um marinheiro de primeira viagem em águas tão ondulantes, sem nenhum preparo prévio ou formação, também foi desafiador”, confessa o diretor Cadu Xavier. “Mas, a cada nova onda que nos acertou em cheio, a sensação de aprendizado e de vitória foi realizada.”

Além da inexperiência e do baixo orçamento, Cadu enfrentou um desafio pessoal e constante: o autismo. “Dentro do espectro, tenho que lutar diariamente pela motivação e transformar esse processo cheio de mudanças de rotina, enfrentando crises frequentes escondidas da equipe, administrando o contato social”, relata.

Orgulho de uma comunidade representada

A superação desses desafios se misturou ao orgulho de ver sua comunidade retratada com autenticidade. Mais da metade da equipe de “Ponto Final” é formada por membros da comunidade LGBTQIAPN+, um fato que carrega um simbolismo profundo para o realizador.

Esse clima gratificante fez com que o resultado final fosse além de um simples produto audiovisual. “Por isso, peço carinhosamente que o olhar para esse filme não seja como uma produção audiovisual convencional, mas como a primeira produção de um autista, da comunidade LGBT, que nunca estudou cinema e que teve um orçamento baixíssimo para chegar no resultado”, solicita Cadu. “Espero que gostem do produto de toda a equipe, pois todos, de alguma forma, deixaram suas marcas nessa produção!”

Reconhecimento nacional

A luta e a dedicação de toda a equipe estão sendo reconhecidas. “Ponto Final” começa a atravessar as fronteiras estaduais e ganhar o Brasil. Nesta sexta-feira, às 20h, o curta será exibido no Cinema Glauber Rocha, em Salvador (BA), após ser aprovado em um festival baiano.

A itinerância não para por aí. Em outubro, o filme seguirá para Cuiabá (MT), onde integrará a programação da Mostra Cine PCD, consolidando “Ponto Final” como um produto cultural de Três Lagoas que carrega em sua essência a força da diversidade, a resiliência do interior e a potência de quem faz cinema por amor e representatividade.

Serviço: Exibição do curta “Ponto Final” em Salvador

  • Data: Sexta-feira

  • Horário: 20h

  • Local: Cinema Glauber Rocha, Salvador (BA)

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Edição 265