Violência contra profissionais de saúde mobiliza Frente Parlamentar na Assembleia de MS

Após novos casos de agressão em Dourados e Campo Grande, sindicalistas e conselheiro alertam para crise de segurança e exaustão mental nas unidades públicas

 

A violência contra profissionais da saúde pública levou representantes de categoria de volta à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul na tarde desta quarta-feira (24). Os recentes casos – uma agressão a enfermeiros na Capital e a depredação da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Dourados na semana passada – reacenderam o alerta e resultaram na criação de uma frente parlamentar para pressionar por soluções. O tema já havia sido debatido em audiência pública na Casa em agosto.

O presidente do sindicato dos agentes de endemias de Dourados, Marco Aurélio Amorim Bonet, expôs à frente a relação direta entre a superlotação, a pressão extrema no trabalho e os episódios de violência. Ele citou um exemplo crítico: em um mês de alta demanda, um único profissional chegou a realizar cerca de 90 atendimentos em um dia, dentro de uma jornada de 6 horas. “A alta demanda deixa pacientes, acompanhantes e os próprios profissionais no limite”, explicou Bonet.

A tensão não se restringe às unidades de saúde. Os agentes que visitam residências também enfrentam rotina de medo. “É comum nos depararmos com moradores que portam armas e sofrermos agressões verbais”, relatou o sindicalista.

O resultado direto desse ambiente hostil e da sobrecarga é o afastamento dos servidores. “Dos 282 agentes comunitários de saúde cadastrados, atualmente temos 246 atuando. Muitos desses afastamentos são motivados por problemas relacionados à exaustão mental”, acrescentou Bonet.

Para Wilson Brum, conselheiro do Coren-MS e professor de enfermagem na UEMS, a violência não apenas persiste, mas se intensifica em 2024. “Notamos um aumento da violência, algo que não era tão frequente. Ainda não quantificamos o número exato de casos, mas posso garantir que recebemos relatos semanalmente”, alertou o professor, confirmando que as agressões estão mais constantes e violentas.

A frente parlamentar surge como uma tentativa de manter o assunto em evidência no legislativo estadual até que medidas concretas sejam implementadas para garantir a segurança dos profissionais e a qualidade do atendimento à população.

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Edição 261