Ex-ministra da Agricultura foi convidada para compor o Conselho Superior do Agronegócio da federação das indústrias de São Paulo; nomeação gera questionamentos sobre foco de atuação

A senadora Tereza Cristina (PP-MS), eleita para representar Mato Grosso do Sul no Senado Federal, assumirá uma nova frente de atuação que chama a atenção para o eixo São Paulo. A parlamentar foi anunciada como uma das novas integrantes do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), entidade de forte influência política que representa os interesses da indústria paulista.

A movimentação foi oficializada nesta quinta-feira (25), durante uma reunião na sede da Fiesp que apresentou os novos presidentes de seus conselhos superiores, que iniciarão os trabalhos em 2026. O convite à senadora visa capitalizar seu extenso currículo no setor: ela foi ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, é ex-presidente e atual vice-presidente no Senado da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), e tem atuação destacada na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A nomeação, no entanto, levanta debates. A Fiesp é conhecida por defender os interesses dos grandes empresários e de um agronegócio mais concentrado, muitas vezes alinhado aos do estado de São Paulo, que podem entrar em conflito com as demandas específicas da economia do Centro-Oeste, base da representação política de Tereza Cristina.

Senadora defende decisão

Ao portal Campo Grande News, a senadora justificou a aceitação do cargo. “Aceitei o cargo porque julgo que poderei contribuir com minha experiência para ajudar a pensar e fomentar o desenvolvimento econômico do país, a partir da Fiesp, uma entidade com forte legitimidade, localizada em São Paulo, o mais pujante estado da federação, onde a agroindústria também está muito presente”, declarou.

A justificativa reforça a visão de que a agroindústria é um setor integrado nacionalmente, independentemente das fronteiras estaduais. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também se manifestou sobre as novas nomeações em suas redes sociais: “Reunimos lideranças com grande experiência e reconhecimento em suas áreas para, juntos, pensarmos o futuro da indústria e do Brasil. Este time diverso e qualificado será fundamental para orientar nossas ações, ampliar o diálogo e fortalecer ainda mais a missão da Fiesp de apoiar o desenvolvimento do país”.

Time de peso

Tereza Cristina não é o único nome de destaque na nova formação dos conselhos da Fiesp. A entidade reuniu uma equipe de peso que inclui o ex-presidente da República Michel Temer, o senador Sergio Moro (União-PR), a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie, e o ex-ministro da Educação Mendonça Filho, atualmente deputado federal.

A proximidade da senadora com a Fiesp não é nova. Neste mês de setembro, ela já havia participado de uma reunião do Cosag (Conselho Superior do Agronegócio) da federação, que debateu comércio exterior, relações comerciais com os Estados Unidos e a questão de tarifas à exportações brasileiras.

A nomeação consolida a influência de Tereza Cristina no cenário nacional do agronegócio, mas coloca sob os holofotes a conciliação entre sua função de representante dos eleitores sul-mato-grossenses e sua atuação em um conselho que defende, prioritariamente, os interesses da indústria paulista.