Japão anuncia interesse em cooperar com Brasil e países vizinhos para impulsionar Corredor Bioceânico

Embaixador Teiji Hayashi destaca expertise japonesa em desenvolvimento logístico e revela que governo brasileiro já sinalizou interesse na parceria, que pode incluir financiamento e atração de indústrias

 

O Japão manifestou oficialmente seu interesse em contribuir com o desenvolvimento do Corredor Bioceânico, projeto estratégico que conectará os oceanos Atlântico e Pacífico, passando por Mato Grosso do Sul. A proposta inclui cooperação técnica, política e financeira para a implementação da rota que liga Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, com potencial para revolucionar o comércio entre a América do Sul e a Ásia.

O anúncio foi feito pelo embaixador japonês no Brasil, Teiji Hayashi,  “O Japão tem várias experiências na implementação de Corredores Bioceânico em outros países. Na Ásia, por exemplo, nós trabalhamos muito com o desenvolvimento de corredores”, afirmou o diplomata.

A experiência japonesa em desenvolvimento logístico inclui atuação decisiva na implementação do Corredor do Mekong, sistema que cruza o Sudeste Asiático ligando os oceanos Pacífico e Índico através de rodovias e hidrovias, envolvendo países como Vietnã, Camboja e Tailândia.

“Em Brasília, o Ministério da Infraestrutura já manifestou o interesse de trabalhar conosco”, revelou Hayashi, indicando que as conversas avançam em nível governamental.

O embaixador destacou que a contribuição japonesa vai além da simples construção de estradas e pontes. “Para nós, esse desenvolvimento multinacional de corredores não depende somente da implementação das vias. Porque apenas construir uma ferrovia, uma ponte ou uma hidrovia não beneficia muito a região. Para desenvolver essa rota, temos também que desenvolver as indústrias e as economias dos locais por onde ela passa”, explicou.

A cooperação se dará em dois níveis: governamental, integrando projetos, e empresarial, com potencial atração de indústrias japonesas para se instalarem ao longo do corredor. “Foi o que houve no caso do Rio Mekong. Nós explicamos o potencial da região e da rota às empresas japonesas, e elas podem participar de duas maneiras: na construção da estrutura da rota, ou mesmo instalando uma fábrica no meio dela”, detalhou Hayashi.

O Corredor Bioceânico, idealizado há quase duas décadas, teve sua efetivação iniciada no fim da década passada. As obras na rodovia TransChaco, que atravessará todo o norte do Paraguai, já estão bastante adiantadas.

No lado brasileiro, a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (Paraguai), considerada elemento fundamental do projeto, teve início em dezembro de 2021. A expectativa é de conclusão para o segundo semestre de 2026, com um investimento de aproximadamente R$ 800 milhões apenas na ponte e na estrutura aduaneira.

A expectativa das autoridades é que a Rota Bioceânica esteja operacional no primeiro semestre de 2027, caso não ocorram atrasos. O corredor promete reduzir em até 17 dias o trânsito de mercadorias das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil para a Ásia.

O interesse japonês na rota reforça sua importância geopolítica e econômica. Tanto a China (segunda maior economia do mundo) quanto o Japão (quarta maior economia) veem no Corredor Bioceânico uma oportunidade estratégica para otimizar o fluxo comercial com a América do Sul, com Mato Grosso do Sul ocupando posição central nesse novo mapa logístico internacional.

 

(*) com informações de Correio do Estado

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Edição 261