Conhecida mundialmente por suas águas cristalinas e natureza preservada, a cidade de Bonito teve sua imagem manchada, nesta terça-feira (7), com a deflagração da Operação Águas Turvas, conduzida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). A ação visa desarticular um esquema criminoso que fraudava sistematicamente licitações de obras e serviços de engenharia no município desde 2021.
Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, Bonito, Terenos e até Curitiba (PR). A operação é conduzida pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), com apoio do Gaeco e da 1ª Promotoria de Justiça de Bonito.
Segundo as investigações, uma organização criminosa composta por empresários e agentes públicos manipulava processos licitatórios para direcionar contratos a empresas previamente escolhidas. Os certames eram fraudados com simulação de concorrência e exigências técnicas elaboradas sob medida para beneficiar o grupo investigado. Em troca, os servidores envolvidos recebiam vantagens indevidas de forma constante.
Até o momento, o valor dos contratos sob suspeita já soma cerca de R$ 4,4 milhões. Os investigados devem responder pelos crimes de organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, entre outros delitos conexos.
Ecoturismo
O nome da operação, “Águas Turvas”, é uma referência simbólica à perda de transparência nas ações administrativas e contrasta diretamente com o apelo turístico de Bonito, que construiu sua fama internacional com base na pureza de seus rios e nas práticas sustentáveis.
A operação reacende o alerta sobre o impacto da corrupção não apenas nas finanças públicas, mas também na reputação de destinos que dependem do turismo ecológico e da confiança do público.