Endividamento atinge nível histórico em Mato Grosso do Sul com 56,1% da população inadimplente

Mato Grosso do Sul atingiu o maior patamar de endividamento da série histórica, com 56,1% da população adulta com o nome negativado. De acordo com dados da Serasa, o estado possui 1.210.326 inadimplentes, que acumulam 5,27 milhões de dívidas totalizando R$ 8,76 bilhões. Em Campo Grande, a situação é ainda mais crítica: 471.252 pessoas devem juntas R$ 3,93 bilhões, com média de R$ 8.352,45 por pessoa.

As dívidas com bancos e cartões de crédito lideram as inadimplências (29,6%), seguidas por financeiras (18,3%), contas básicas como energia e telefonia (12,8%) e varejo (10,9%). Apesar do aumento de modalidades de crédito acessível, como o consignado e o saque-aniversário do FGTS, a inadimplência cresce de forma estrutural. De janeiro a agosto de 2025, 80,4 mil novos nomes foram incluídos em cadastros de restrição – uma média de 468 por dia.

O crédito consignado para trabalhadores CLT registrou 242.516 contratos no estado, com valor médio de R$ 5.732,26. No entanto, especialistas alertam que o acesso facilitado a linhas de crédito tem aprofundado o ciclo de dívidas. “Muitas famílias contraem novos empréstimos para pagar dívidas antigas, criando uma dependência financeira perigosa”, explica o economista Eugênio Pavão.

O saque-aniversário do FGTS também preocupa: 63% dos trabalhadores sul-mato-grossenses (361,7 mil pessoas) usaram a modalidade desde 2020, movimentando R$ 2,4 bilhões. “Antecipar uma reserva emergencial para pagar contas correntes reduz a proteção financeira em caso de demissão”, destaca Pavão.

Para o economista, o problema deixou de ser apenas relacionado ao consumo e tornou-se uma condição de sobrevivência. “Com a perda do poder de compra e o aumento do custo de vida, o crédito virou extensão da renda”, afirma. Dados nacionais mostram que, em média, 70,5% da renda dos brasileiros está comprometida com dívidas.

Patrícia Camillo, gerente da Serasa, reforça a importância de regularizar as contas como primeiro passo para recuperar a saúde financeira. Já Eduardo Mônaco, vice-presidente da empresa, ressalta a necessidade de análise mais criteriosa na concessão de crédito: “É essencial entender o comportamento financeiro de cada consumidor para evitar novos calotes”.

Enquanto isso, as famílias sul-mato-grossenses seguem buscando alternativas para escapar do ciclo de endividamento, que já se configura como um dos maiores desafios econômicos e sociais do estado.

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Edição 262