Publicações diárias no Diário Oficial do Estado listam centenas de condutores penalizados; em Campo Grande, alta de 34% ocorre mesmo com redução temporária de radares
A lista de motoristas que perderam temporariamente o direito de dirigir em Mato Grosso do Sul tem se tornado uma presença constante e volumosa no Diário Oficial do Estado. Dia sim, dia não, a publicação traz centenas de nomes de condutores que tiveram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa por acumularem multas. A última edição, de sexta-feira, dedicou 124 páginas apenas para essa relação.
Os números confirmam a impressão dada pelo DOE: o total de carteiras suspensas no estado saltou 62% entre abril e setembro deste ano em comparação com o mesmo período de 2024. Segundo dados do Detran-MS, a quantidade passou de 25.934 para 42.106. O principal motivo apontado pelo órgão para o salto é a ampliação da fiscalização eletrônica no interior.

Na Capital, o crescimento também chama a atenção, mas o contexto é diferente. Campo Grande registrou 18.658 suspensões no período, ante 13.942 no ano anterior, um aumento de 33,82%. A diferença crucial é que, na cidade, não houve ampliação no número de radares. Pelo contrário, equipamentos estão sendo retirados das ruas para a troca da empresa responsável pelo serviço.
O Detran-MS afirma que o processo de suspensão envolve múltiplos fatores, mas é categórico ao destacar o papel da fiscalização automática. Em nota, o órgão informou que “as três principais infrações que causaram suspensões foram as registradas por equipamentos eletrônicos de fiscalização, como radares e lombadas eletrônicas”.
A justificativa para o cenário estadual, segundo o departamento, “pode ser justificado pelo aumento de equipamentos instalados nos municípios”. Atualmente, Mato Grosso do Sul conta com 161 equipamentos em operação, sendo 95 em áreas urbanas e 66 em rodovias estaduais.
Contradição na Capital
A explicação do Detran, no entanto, não se encaixa na realidade de Campo Grande. A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) afirmou à reportagem que não houve qualquer aumento no número de radares entre 2024 e 2025.
Em nota, a agência municipal explicou que 212 faixas monitoradas estão em processo de instalação por meio de um novo contrato, mas que os equipamentos ainda não entraram em operação plena. “Após a instalação, haverá um período de 15 dias para adaptação dos motoristas”, informou. A Agetran reforçou a parceria com o Detran, mas deixou claro que o número atual de radares permanece o mesmo, o que levanta questionamentos sobre a causa específica do aumento de 34% nas suspensões na cidade.
Enquanto as autoridades discutem os motivos, os motoristas sul-mato-grossenses seguem enfrentando as consequências de um trânsito cada vez mais rigorosamente fiscalizado, com o reflexo direto aparecendo nas páginas do Diário Oficial.










