Após operação no RJ, governadores criticam PEC de Lula e articulam frente pela segurança

Encontro no Palácio Guanabara debateu a crise de segurança pública e a união de esforços contra o crime organizado, posicionando o tema como central para as eleições de 2026.

 

Em um ato de solidariedade e alinhamento político, governadores de partidos de direita se reuniram na noite de ontem no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, com o anfitrião Cláudio Castro (PL). O encontro teve como pano de fundo a megaoperação policial no estado fluminense – a mais letal da história, com mais de 121 mortos – e serviu como palco para críticas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, enviada ao Congresso pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além de Castro, estiveram presentes os governadores Eduardo Riedel (PP), de Mato Grosso do Sul; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás. A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) participaram de forma remota.

Em seu discurso, o governador Eduardo Riedel foi enfático ao eleger a segurança pública como a pauta primordial do país. “A segurança pública é o assunto de interesse dos brasileiros neste momento e, com toda a certeza, estará presente no debate eleitoral em 2026”, declarou, sinalizando que o tema será um eixo central da campanha da oposição daqui a dois anos.

Insatisfação com a PEC Federal e Defesa da Integração Estadual

O grupo de governadores demonstrou insatisfação com a PEC da Segurança Pública proposta pelo governo Lula, que prevê a unificação das forças de segurança. O temor expresso pelos chefes dos Executivos estaduais é a perda de autonomia e uma eventual subordinação a Brasília.

Riedel argumentou que a solução não passa por uma centralização federal, mas sim por uma integração entre os estados. “O que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro nesses dias talvez seja o retrato do nível de complexidade e de dificuldade que a segurança pública tomou no Brasil”, afirmou, citando a atuação de facções criminosas como Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) em diferentes regiões.

“A segurança pública está baseada em inteligência, em conhecimento, planejamento e investimento. Todos os estados têm feito um aporte de recursos muito significativo… será muito mais eficiente se nós tivermos a capacidade de integrar, e o Consórcio da Paz, proposto pelo governador Cláudio Castro, vai discutir especificamente a integração da segurança pública”, assegurou Riedel.

Crime Organizado como Ameaça Transnacional

O governador de Mato Grosso do Sul evitou enquadrar a discussão como uma simples oposição política à PEC federal. Para ele, a questão é mais profunda e exige cooperação. “Não tem uma discussão politizada de enfrentamento à PEC… tem uma necessidade cada vez maior de os estados trabalharem em conjunto para lidar com um tema que é transnacional”, explicou.

Riedel destacou que o crime organizado não se limita a fronteiras específicas, mas permeia todo o país. “Ele não está nas fronteiras de Mato Grosso do Sul com a Bolívia e o Paraguai nem nas divisas do Rio de Janeiro, Goiás ou São Paulo, ele está permeando em todo o País”, alertou, defendendo que os gestores estaduais precisam ter a capacidade de fazer um enfrentamento unificado.

Solidariedade e Busca por Soluções Comuns

O encontro também foi marcado por um tom de solidariedade ao governo do Rio de Janeiro após a operação de grande letalidade. Riedel expressou que “não tem ninguém no Brasil que não tenha ficado sensibilizado pelo que ocorreu no Rio de Janeiro”.

“A vinda aqui hoje [ontem], além de me solidarizar, é também para lamentar que o Brasil tenha chegado nesse estágio de situação. Ninguém fica feliz com isso, porque demonstra o grau de periculosidade a que o crime organizado chegou em nosso país”, concluiu o governador, enfatizando a união dos gestores públicos estaduais na busca por “soluções comuns” e “ações efetivas”.

A reunião no Palácio Guanabara consolida uma frente de governadores alinhados à direita em torno da bandeira da segurança pública, posicionando-se contra a proposta do Governo Federal e estabelecendo o tema como um dos principais campos de batalha política nos próximos anos.

Compartilhe nas Redes Sociais

Banca Digital

Edição 262